Olhei indiscriminadamente para os sonhos e revi-me neles, como notas fugazes, notas de rodapé que desbravam caminhos. É possível ser-se fugaz sem se ser fútil, como os sonhos e relembro a possibilidade, cada vez mais visível, dos sonhos dentro dos sonhos, onde um deles é esta nossa vida ... os sonhos balançam, mas não caem, ao contrário das ideias e das ideologias, permanecem como marcas na areia sem que os seus passos se dissolvam na água ou no ar. A vida é tremenda pela quantidade de possibilidades e pela qualidade delas. É esta sapiência do onírico que atravessamos que nos permite ir à substância das coisas. Mas uma substância feita de choques contínuos onde a sapiência de atravessarmos os sonhos em nada nos ajuda, se assim fosse, não seriam os sonhos esses choques contínuos... e a tentativa de resolução deles em nós. E há qualquer coisa que subsiste e não se afoga no rio do esquecimento. Como esse homem gigante que vi mergulhar e desaparecer nas águas para em seguida dar por mim numa ascensão tão rápida que me levou no sonho a balançar, sabendo que não cairia por conhecer de cor essa ascenção vertiginosa, como um passo de dança, tantas vezes repetido. É essa partícula de nós que não se afoga no rio do esquecimento e que antes ascende como resultado dos sucessivos choques a que foi sujeita. Já diziam os alquimistas. Quando os havia...
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