Meus amigos:
Dizem os astrólogos que o próximo ano, em termos mundiais, não vai ser bom. Também o Guru indiano, Sadhguru informa que nos próximos seis anos, a actividade solar (cujos ciclos são de aproximadamente 11 anos) com os seus ventos, tempestades e erupções vai estar em alta e, atendendo ao facto dessa atividade ter efeitos em tudo o que não se vê como, por exemplo, o campo magnético da terra, a radiação ultra-violeta ou a emissão de raios-X e podendo danificar redes de energia e satélites, é natural que afecte igualmente toda aquela parte subtil do ser humano que embora não seja vista, existe e pode ter repercussões na saúde física e mental das pessoas. Bem vistas as coisas, nem é necessário que hajam avisos de astrólogos ou de gurus indianos, está à vista desarmada, o rumo que o planeta se propôs tomar e, desta forma, o nosso desejo para vós, meus amigos, é que protejam aquilo que ainda é humano. Como o bicho da seda, façam um casulo e enfiem-se lá dentro pois outra forma não há de sobreviver às tempestades solares e humanas. Lembro-me de me terem contado que, por altura do 25 de Abril, houve neste país uma grande confusão com ataques terroristas e tudo e que ao ver aquilo que se passava, Agostinho da Silva telefonou a Dalila Pereira da Costa e disse-lhe para não sair de casa enquanto a confusão não passasse. Pois agora passa-se o mesmo, só que é uma confusão que já começou há alguns anos com lideres mundiais tresloucados, magnatas e oligarcas, não menos tresloucados a comadarem o destino de mundo. Ora estando a nossa parte subtil exposta às tempestades solares e a nossa parte menos subtil exposta a essa gente, torna-se urgente a formação de uma crosta que nos proteja de todos os ataques. Imaginemo-nos como um bunker em andamento, respeitando as regras mínimas sociais, trabalhando nos trabalhos idiotas que nos dão, mas que, ao jeito do filme “Farnrenheit 451” ou do livro de Orwell “1984”, possamos formar, individualmente, uma resistência digna de ser contada mais tarde. De vez em quando há sinais de alguma resistência como aquela entrevista que li no outro dia feita ao realizador Denis Villeneuve (sim, o do filme “Dune”) onde explica ao jornalista por “a” mais ”b” o porquê de ter proibido os telemóveis e de obrigar toda a equipa a ficar de pé no set de filmagens, afirmando que a “presença” humana é fundamental, quer psíquica, quer corporal, para o desenrolar da arte, neste caso a arte cinematográfica. Não sabemos onde é que ele aprendeu isto, mas está cheio de razão. Podem vir a ocorrer pequenos sinais de pessoas que estão a contrariar a tendência crescente para a estupidificação e falta de criatividade propostas pela empresas de tecnologia. Tal como o aprendiz de feiticeiro, quando, mais tarde, estivermos reféns de algo que já não controlamos, haverá grupos e indivíduos não associados a qualquer grupo, que serão os resistentes e que guardarão a réstia do que é ser-se humano, impedindo o suicídio absoluto e colectivo a que assistimos. Assim, meus amigos, se quiserem fazer parte desses que vão guardar alguma forma de humanidade, estão convidados a treinar dentro do vosso casulo, a vossa própria liberdade porque é dentro de vós, e não fora de vós (cada vez mais) que ela se encontra. Para isso, escolham livros e prefiram-nos às redes sociais ou às informações algoritomizadas e militarizadas, desenvolvam trabalhos manuais, fujam, sempre que possível, para a Natureza que resta, impermeabilizem-se para que a chuva fertilizante do “Reino da Estupidez” (lembrando o admirável título de uma obra satírica de Jorge de Sena) não vos atinja e pensem pelas vossas próprias cabeças, unindo, se possível, a razão e o coração, a par com a criatividade pura, a mesma que tínhamos em criança. São esses os grãos de mostarda, o berço de palha de Moisés, ou a arca de Fernando Pessoa, todos residentes na mão da Santa Providência, a maior e mais virtuosa presença de Deus. Só desta forma vos podemos desejar um bom Ano Novo, pois só dessa forma ficamos bem com a nossa consciência sem embarcar em fantasias histriónicas e fogos tão artificiais como a inteligência moderna. Desejar um Bom Ano, não é uma fezada, nem um desejo tolo de adolescente de que a sua equipa ganhe o campeonato, é antes uma refeição completa, como um bacalhau com tordos: inclui o propósito do que andamos cá a fazer, a noção do que é o ser humano, a consciência do desenvolvimento das suas capacidades (e não das máquinas) e o respeito pela Natureza. Sem isto, o Bom Ano são palavras atiradas para o ar. A única forma de o desejar é acrescentar a palavra resistência e o que esta implica. Sem resistência nunca haverá nem descendência dessa resistência nem ascensão.
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