Vi uma fotografia antiga de uma cigana que ainda era miúda no início do século XX. Tinha chegado aos 100 anos. Nessa fotografia, aparecia descalça e suja, rodeada de terra e sabe-se lá o que mais. Ainda há muito poucos anos, os suecos, quando vinham a Portugal e bebiam a nossa água, ficavam mal da barriga e nós, em simultâneo, ao beber a água da torneira marroquina, ficávamos iguais aos suecos, agarrados à barriga. A cada povo, seu sistema imunológico relativamente à água e quem diz à água, diz a outras coisas. Ainda há poucos meses escrevi neste blogue que qualquer dia estávamos iguais ao índios americanos quando os europeus lá chegaram e lhes ofereceram o vírus da gripe, para os corpos deles totalmente desconhecidos, dádiva mortal para o seu sistema imunológico e para a sua robustez física. A cigana durou à custa de uma imunidade natural. Penso que não terá levado qualquer vacina. Isto para dizer que o perfeccionismo científico, em último grau não só é impossível como acaba por ter o efeito exactamente ao contrário daquilo que foi desejado. A medicina, quando peca, peca por excesso. E é o que pode acontecer. O facto de ter sucesso nalgumas doenças não quer dizer que o padrão de doenças infectocontagiosas seja todo igual. Há vírus mais ousados que outros relativamente à mutações e nunca haverá vacinas para todas as mutações. É a mesma coisa do que seguir o encalço de Dr. Jekyll, e não deixar o Mr. Hyde andar à solta e pagar pelos seus próprios erros ou adaptar-se às circunstâncias da vida, esperando que este fique um pouco mais tranquilo com a idade. O Dr. Jekyll, esse irá ser sempre um Dr. Jekyll, convencido que é Deus e que com uma seringa, salva a humanidade inteira quando ao invés, anda a aniquilá-la. Já tinha advertido, logo nos começos da pandemia que qualquer dia e por este andar, não sobreviveremos sozinhos a uma gripe normal. Já faltou mais. A transdisciplinariedade continua a fazer falta: ela demonstra que o equilíbrio é composto por pequenos desequilíbrios. A tentativa de equilibrar à força e de uma só vez origina um grande desequilibro e a reposição do equilíbrio acaba por levar muito tempo e por ser muito mais difícil. Estes princípios adaptam-se até na sociedade ou na política… mas sinceramente, já nem me ralo muito uma vez que ninguém me ouve, nem lê. Resta-me cruzar os braços e ver o barco afundar-se e mandá-los a todos para o raio que os parta o que se torna redundante porque já lá estão.
Bom, eu leio. Tens razão
ResponderEliminarPois lê. Peço desculpa.
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