terça-feira, 21 de junho de 2022

A Árvore da Vida

 


Bill Bryson no seu livro “Uma Breve História de Quase Tudo” chama a atenção para o facto de a indústria automóvel ter aumentado consideravelmente o nível de poluição corporal que os homens possuem nos seus próprios corpos, estimando-se que seja 400 vezes superior ao que continha no início da Era automobilística. Evidentemente, já não somos o que éramos como seres humanos. Por outro lado, no alucinante livro de Jonathan Black “História Secreta do Mundo”, na página 66, conta o autor que “O que professores das escolas dos Mistérios pretenderam indicar com a vitória do deus Sol foi a importante transição de um Cosmos puramente mineral para um Cosmos florescente em vida vegetal” e que, segundo a tradição desses Mistérios, "germes únicos uniram-se em vastas estruturas flutuantes semelhantes a teias que encheram todo o Universo”, sendo essa fase recordada nos Vedas como a “Rede de Indra” constituída por “luminosos fios vivos perpetuamente entrelaçados, unindo-se com ondas de luz e depois voltando a dissolver-se” para mais tarde se entrelaçarem de novo, desta vez de forma mais permanente, em forma de árvore, árvore que seria o próprio Adão e tendo essas formas ficado cada vez mais densas e semelhantes às plantas de hoje. Segundo o mesmo autor, o sistema nervoso simpático, é semelhante a uma árvore. Por sua vez, Rebecca Wragg Sykes, na sua obra (altamente sistemática), “A Nossa Família - vida, amor, morte e arte dos Neandertais”, coloca em evidência o desenvolvimento humano como uma árvore, tendo vários “tipos” pré-humanos e humanos, sobrevivido, ora mais ou menos tempo, tendo-se alguns desenvolvido, outros não (não falo em evolução porque esta é muito subjetiva) e tendo os mais desenvolvidos coexistido com os mais primitivos, exatamente como hoje se passa, com as tribos primitivas a quilómetros da “civilização". E, assim,  ficamos com a noção de árvore em várias dimensões. Se é verdade que o próprio Cosmos começou por ser algo de muito subtil e luminoso, também será verdade que guardamos essa memória algures. Se é verdade que a nossa estrutura corporal não é destituída dessa subtileza podemos calcular o que é que o excesso de poluição pode provocar: as toxinas impedem o fluxo daquilo que deve fluir. Se é verdade que o mais primitivo coexiste com o mais desenvolvido, vemos que, tal como os tipos de Neandertais que aparecem e desaparecem e que esses vários “tipos” podem ter coexistido com o Homo Sapiens, também é natural que as civilizações, que se desenvolvem como ramos, em vários níveis e que, na antiguidade chegam a coexistir, também aparecem e desaparecem. Quando olhamos para a nossa civilização e a consideramos estar no topo da evolução, somos, no mínimo, ridículos. Os nossos níveis de toxinas corporais dá-nos, não só para a vaidade como para nos impedir de conhecer o lado invisível das coisas, algo a que, possivelmente um pré-humano teria mais acesso. É curioso que a subtileza desses filamentos entrelaçados iniciais esteja ligada à luz. E que luz seria essa? A relatada pelos místicos cristãos, ou pelos yogis, os que tentam a União, nos seus exercícios, queimando as ilusões como etapas? A nostalgia do Paraíso, quando o mundo era diferente e os seus habitantes também, invade-nos como uma onda e escrevem-se livros e livros na tentativa de compreensão e reconquista desse Estado Adâmico. Não deixa de ser uma forte contradição actual que tal aconteça: então não estamos nós na crista da onda da evolução? Não, e é por isso que esses livros são escritos e tantas vezes a par com ideias magníficas de soluções ideológicas para as sociedades: capitalismos, tecnocracias, comunismos, liberalismos etc e tal, sem se perceber que qualquer sociedade equilibrada é apenas produto do homem equilibrado consigo mesmo, ou talvez por outras palavras, com a Luz que transporta como resíduo do Início, luz que concentra as potências. Até lá, somos toxinas ambulantes, deprimidas, perto do negro chumbo, o mineral dos minerais, pior que o ferro... e como assim somos, a nossa consciência não vai além da do próprio animal (que não tem muita consciência de si próprio) e temos aí um problema: diziam os antigos que o homem é o único capaz de imitar qualquer animal, exactamente por os conter todos dentro de si: a esse nível somos algo que se desenvolveu bastante, algo que foi para além do animal, mas, como as toxinas e a amnésia nos fazem esquecer essa subtileza do “para além” tentamos resolver as questões sociais à semelhança dos animais e com a diferença de termos alguma, não muita, consciência disso: uns preferem organizações sociais tipo colmeias, outros tipo matilhas, outros tipo anarquias e por aí fora e, como uma desgraça nunca vem só, contamos com a esperança de vir a ser o tipo de organização escolhida aquela que irá mudar o Homem. Ora, seres profundamente intoxicados produzem, naturalmente, sociedades tóxicas, imagens rarefeitas, pequenos “flashs” (e não Fiats) apenas ou resíduos limitados da grandeza do ser humano. Aponta-se a Revolução Industrial como a causadora deste círculo vicioso. O que se ganhou em conforto, perdeu-se em Espírito. Não há aqui uma mensagem ideológica, há apenas uma mensagem de toxinas. Parece muito materialista, mas não é, até porque a matéria nem existe, é apenas uma densificação de qualquer coisa. Da luz, provavelmente, que contém, entre outras coisas, diversas formas de consciência. Graus de consciência e que resultam num Hino de Sabedoria e da Alegria. 

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