Chatice! Bateram-me. E nem sei porque foi!!!
Esta é a fronteira, mas a fronteira separa dois tempos. O antes e o depois. Ora se antes já me batiam, durante o "batimento", o mesmo continuou e o depois foi a mesma coisa, é fácil entender que não há, nem houve fronteira alguma. O que pode haver é um olhar mais agudo da realidade, apenas isso. Isto da tareia não é como o beijinhos, uns mais doces, outros menos doces, a tareia é sempre tareia, seja qual for a forma que tome.
Aquilo que não se sabe é duma história paralela a tudo isto. E essa, é de outro mundo. Definitivamente, não é deste.
Tenho pena é dos que levam tareia toda a vida e não têm uma história do outro mundo para contar. São esses que me partem o coração e me dão a verdadeira tareia. São esses que me pedem a verdadeira ajuda mesmo que não saibam que a estão a pedir. Quanto aos que dão tareia a torto e a direito, mesmo com as "melhores" intenções, esses, nunca pedem ajuda. Pedem qualquer coisinha, mas ajuda não. É porque há dois tipos de bullying, o normal e mau e o outro que não lembra nem ao diabo: o pseudo-iniciático. Só me posso rir na cara deles antes de os mandar para o inferno donde nunca saíram, nem sairão enquanto não caírem em si, coisa que é tão rara como um encontro com o outro mundo... E dou por terminada a sessão.
Falando de coisas que valem a pena, a integridade é o maracujá em cima do bolo. Para não dizer Marajá. Dentro do Marajá está um coração de ouro. E muitas outras coisas. Isto de "ir à Índia", não tem o mesmo significado que lhe dava Fernando Pessoa. É quase como ir à Índia sem sair do lugar nem fazer gesto algum. É igual à integridade.
Tive uma professora primária com umas grandes unhas e que dizia piadas às quais não achava graça. Um dia fui para a rua por negar que tinha uma pastilha elástica na boca quando a tinha, de facto. Ela teve razão em mandar-me para a rua, mas ela não sabe porque é que neguei. Por desafio. Antes dessa cena, fiz um pai Natal com lápis de cor em cima de um papel manteiga. Era um pai Natal gordo, colorido, risonho. Ela gostou tanto que foi buscar um papel enorme muito dourado e muito caro (fez questão de me dizer), que se desenhava calcando uma bic e não se podia apagar. Pediu-me para fazer outro igual. Saiu-me um pai Natal triste, amargurado e extremamente magro. Senti lá dentro a fúria dela. Nesse momento percebi que ela não entendia nada de crianças e pior, de arte. A minha tendência floral já me dizia lá dentro, por gestos, que não havia um arranjo de flores igual a outro. Que nada se repetia na natureza (até os ciclos são espiralados, o que faz toda a diferença). Tinha sido a gota de água. Perdi o pouco respeito que tinha por ela porque ela não tinha respeitado a condição da infância e a condição da arte. Aquela mulher não era boa pessoa. E não era, de facto. Soube-o muito mais tarde. A razão de me ter posto na rua era dela, a razão do coração, era minha.
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