sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Actualidade

 

Lá para Leste ameaçam com armas de destruição massiva “cirúrgicas”, mais uma das actuais contradições, o massivo e o cirúrgico, equivale a um golpe do cirurgião em todo o corpo do paciente que, provavelmente, não está assim tão doente… trememos de medo? Evidentemente que sim. Os loucos que querem ficar para a História ainda acabam com ela e depois, não há História para ficarem. É o costume em fins de ciclo. O ambiente geral é tão bom que nem me apetece escrever. Os ditos tradicionalistas actuais não são mais do que patetas porque de tradição não percebem nada e confundem-na, à boa maneira freudiana, com tudo aquilo que se refere ao corpo. É assim que a extrema-direita em Itália avança, Católica e Provinciana, liderada por uma mulher agora que se exalta com todas as disfuncionalidades actuais, que são muitas, mas não pelas razões ou valores que invoca. As disfuncionalidades não se resolvem com outras disfuncionalidades e a senhora, se fosse conversar com o brasileiro de direita enraivecido que comanda o país, muito provavelmente, este dir-lhe-ia, para ficar em casa, recatada, onde se querem as mulheres… ou provavelmente, não. A francesa, eriçada de direita, cheia de imperialismo francês no penteado, louro e ariano, provavelmente até a apoia. Assim, mais uma contradição: as mulheres em casa recatadas sempre, excepto para liderarem partidos políticos que digam que as mulheres devem ser recatadas… e se não forem, e mostrarem o rosto retirando o véu, há sempre um país pronto para as matar, como fizeram há pouco tempo, num desses países do deserto seco e friamente punidor. Se tudo preocupa? Evidentemente que preocupa… a Europa, tão construída à base de “sonhos” a seguir à última Grande Guerra, devia rever o que fez e a forma como está a deixar que os muros de defesa ganhem fendas. Os que seguem estes “tradicionalistas”, fazem-nos nas redes sociais, sobretudo, e raramente lhes passa pela cabeça ir viver para os países onde essas criaturas de pseudo-tradição lideram, bem instalados que estão, atrás do teclado, pelo menos enquanto houver electricidade. Cirurgicamente, nunca lhes cairá uma bomba em cima porque são “superiores”.  Está coxinha, e Europa? Pois está. Tanto que fez à volta do dinheiro e tanto que quis competir com os EUA que se deixou aprisionar pelos esquerdismos radicais vindos das Universidades Americanas que sonham com um mundo perfeito e homogéneo na “diferença”, mais uma contradição evidente. A Europa está entalada por três contradições: a direita de leste, a esquerda de oeste, e a sua própria contradição, a sua democracia falsa que sempre alimentou economicamente impérios dos outros… chineses e tudo. Sempre se achou democrata porque agradava a gregos e a troianos, sem saber muito bem quem era. O alemão-austríaco eriçado e de bigode, nos 30 e 40 do século passado, fez questão de deixar um rasto de destruição de tal modo vasto, que os abutres do poente e do nascente esfregaram as mãos de contentes: que belo tabuleiro de xadrez para eles jogarem… e assim é. A Europa da Cultura e da Filosofia, afinal de contas, não era assim tão culta nem tão filósofa. Por muitos anos sacrificou os países periféricos para que os países do centro pudessem usufruir dos lucros dos seus diálogos sem fim com os países da guerra fria, e outros que se lhes juntaram. E sacrificou em vão, porque agora está entalada e bem entalada. A Inglaterra, a velha raposa, saltou do barco e navega feliz pelo Atlântico e, tal como apareceu num Jornal inglês de há muito tempo e em letras bem legíveis, aquando de uma tempestade que conduziu ao corte das ligações entre o Reino Unido e a Europa, à qual chamam de “Continente”, alguém não hesitou em escrever nele “O Continente está isolado”. A mesma notícia poderiam os ingleses escrever agora, enquanto dão vivas ao novo Rei. Se isto está mau? Está. Nada que não fosse previsível num planeta que corre para os braços da loucura, aos saltos e com um esgar, por já não conhecer outra dama senão essa… por cá, o nosso primeiro-ministro, socialista, compra casas de luxo baratitas em comparação com outras enquanto cala o que aí vem e o nosso presidente bem lhe pede para que se descosa, coisa que ele se recusa a fazer. Na verdade, dizer ou não dizer o que aí vem é absolutamente indiferente porque vem na mesma. E não é bom. Dá-me vontade de dar um conselho aos líderes actuais cuja qualidade é abaixo de cão (sem querer ofender os alfas): façam trabalhos manuais e percebam assim que não estamos cá para ter poder. Houve muitos que o tiveram e todos eles estão mortos e foram substituídos por outros que morreram também. Não se livram dos ciclos. A tradição, que tanto apregoam, é a busca do “para lá dos ciclos”, nem é esta ideologia socialista, tanto de esquerda como de direita, nem é esta democracia de arremesso de todos os socialistas encapotados de comunistas ou da extrema-direita. Em suma, não é nada disto. Isto não é nada. É por isso que não me apetece escrever, escrever para o nada é tão absurdo como parece. Escrever tornou-se num acto absurdo total, ou não fosse ele um acto contemporâneo e mundano… só aquilo que não é contemporâneo e mundano escapa a essa condição que rima com maldição. Vivemos dentro do absurdo. Por mais coerências iniciáticas que procurem, elas não existem. É tudo verdadeiramente incoerente, do princípio ao fim. A dissolução efectiva. Se querem coerência, façam trabalhos manuais, até lá, estão todos loucos. No pior sentido do termo. Não aprendem nada… nem querem aprender. A falta de curiosidade é a marca da loucura. E a verdadeira curiosidade debruça-se sobre o Mistério que somos. Tal qual a matéria-prima dos trabalhos manuais. Disso, quem sabe e quem quer saber?

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