Este problema, porque é um problema, de não se ultrapassarem os símbolos é paralisante. E o problema segundo é que os mesmos só são ultrapassados intuitivamente. Só depois de ultrapassados deixam de ser inumeráveis para passarem a outro nível, capaz da maior perplexidade a quem nunca os ultrapassou. Assemelha-se, esta mutação, à passagem do Iluminismo para a Época do Paraíso em que tudo se cala à nossa volta e os símbolos começam, finalmente a falar por si próprios e não por nós. É por essa passagem ser hoje muito raramente feita que vivemos numa época de manipuladores. Os manipuladores manipulam símbolos sem lhes conhecerem a vida (senão nunca o fariam por tal coisa ser impossível). Vivem no tempo contínuo, no cerne do rio que corre e das ilusões que transporta pensando dirigir-se para o mar dos símbolos, o seu paraíso imaginado possível, onde pensam poder "pescar" qualquer um e colocá-lo à sua disposição. Nunca quebraram nenhum símbolo e muito menos os quebraram a todos para ver o que contêm lá dentro... Porque se lhes retiram os símbolos, retiram-lhes o poder, ou antes, a ilusão de poder. No Paraíso, os símbolos nunca são bem a mesma coisa pois todos eles tendem para o Uno. Mas não são bem a mesma coisa, não devido a uma qualquer tabela de significâncias inseridas em contexto vários, isso é permanecer no Iluminismo dos simbolistas. Não são bem a mesma coisa porque, em si, estão em permanente movimento (é por isso que são fonte de inspiração) e acompanham nitidamente o movimento incessante da alma... Como os pássaros acompanham o barco. Ao contrário do que se pensa, nesse mar de símbolos, peixe e pescador confundem-se e a predominância de um sobre o outro é inexistente. É por isso que certos diálogos se tornam inexistentes, também. Os iluministas falam uns para os outros, os paradisíacos comunicam, sem palavras, uns com os outros, porque já ultrapassaram os símbolos.
Gostei muito.
ResponderEliminar