domingo, 10 de dezembro de 2023

O tempo


 Já visitei lugares em que o tempo se estendia lentamente como o espreguiçar de uma chita e outros em que o tempo passava tão depressa como o seu salto. Infinito mistério, o do tempo, sem que se saiba onde começamos e onde acabamos com ele. E uma vez, numa falésia, um pôr do sol que durou mais do que o tempo previsto com o céu multicolor, o mar leitoso, refletindo as cores do céu e parado, sem se mexer, obediente ao momento. 

Isto para dizer que o tempo parece ser uma entidade independente e dependente em simultâneo, como certas pessoas, feitas de tempos, momentos aglomerados uns aos outros, sem ligação entre eles, mas mantendo uma coerência no discurso que têm sobre a sua história que é surpreendente. Parecem ser dependentes do tempo e independentes dele, como os políticos modernos. Nada de Reis David, tocando a lira poética exalando o tempo em sons, nada disso. O som assemelha-se mais ao de um tango, todo partido, em notas que dão reviravoltas súbitas, ora rindo, ora sofrendo, nunca poetando ... são sentimentos puros que caem lágrima a lágrima. São lágrimas tão visíveis, sejam de furor, sejam de amor. A poesia é para reis. 

Quereis as coisas bem estruturadas quando o tempo é louco? E de loucos!



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