sábado, 9 de março de 2024

Dia de reflexão

 




O presidente da República Portuguesa bem tenta convencer as pessoas a votarem, no entanto, está tanto frio e tanta chuva... e estas alergias de Primavera também não ajudam, com espirros e tosse e os olhos inflamados. Há agora um Guru indiano que está muito na moda e diz ele que as alergias aparecem porque as pessoas não gostam do mundo como está. O pólen é mais severo quando não estamos incluídos. Bem vistas as coisas até os excluídos do costume já estão incluídos nesta massa de gente uniforme e os verdadeiros excluídos são os alérgicos, carregados de rinite severa que vão para os cantos da vida tossir, esfregar os olhos e maldizer as mucosas. Eles não percebem porque é que estão assim. Antigamente não havia tantas alergias e já me disseram que começaram em força na minha geração, nos nascidos na década de sessenta que já a nasceram revoltados, mas com os sintomas baralhados: em vez de irem para as ruas gritar - não nos obriguem a isso, já dizia o Zeca - espirram, tossem e assoam-se com demasiada frequência e são, por isso, a verdadeira oposição. São permanentemente excluídos das reuniões onde se juntam as pessoas incluídas, porque os ataques de espirros e de tosse são de tal maneira grandiosos que são obrigados a sair para não incomodar ninguém e são também excluídos da vida social pelo mesmo motivo e porque quando aparecem as crises, a última coisa que apetece fazer é conviver. Os outros não percebem o que se passa, pensando que a alergia é uma fragilidade do sistema imunitário quando é exactamente o contrário, é uma força viva que procura expelir do corpo o mundo da maneira como está. Os alérgicos, verdadeiros excluídos de um mundo inclusivo, são a resistência camuflada de doença e só na consciência de que isto é mesmo assim, como o guru indiano disse, é que se fará uma reviravolta no mundo que se encontra de pernas para o ar. 

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