quinta-feira, 19 de março de 2015

Filosofia Marítima



 
A razão pela qual a filosofia sistemática, tanto francesa, como alemã, não nos são convenientes, a nós portugueses, com modos de filosofar próprios, reside no facto de, por genética, herança cultural e chamamento, termos entendido que é tão importante conhecer por dentro os estados de alma de nós e dos outros, como entender o mundo pelo intelecto. Essa nossa natureza de pensamento gera, inevitavelmente,  a saudade como causa de percepção, não totalmente idealista, de que a filosofia só se cumpre, verdadeiramente, na acção. É dentro dessa tensão,  que por constante e que por inevitável, que a filosofia portuguesa é um dos suportes (totalmente indispensável) da nossa espiritualidade que nega as autoestradas para Deus, a espiritualidade destituída de pensamento, um pensamento vazio dos outros, e que autoriza, como um respirar,  todas as ondas do mar.  Semelhante a esse mar, de facto, só o céu.
 
(Cynthia Guimarães Taveira)

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