Vi os deuses a passar,
um a um e bem parecidos,
não no Olimpo longínquo,
mas em vestes de terra,
no teu rosto acontecidos.
Tal é o amor que sentem,
por esta terra verde e breve,
o meu corpo é o seu piso,
minha alma sua voz que dura.
Vi os deuses descompostos,
ou enlaivados de ternura,
no teu rosto transparentes,
que é de ventos e de
aventuras.
Vi como se movem,
e sucedem no caminho,
no patamar do encontro,
entre escrevê-los e o destino.
Ora bebem, ora conversam,
ou se levantam em desatino
ou em passos de dama leves,
se aproximam se os sublinho.
Outros fogem num ápice,
se seu nome é acontecido,
outros disfarçam a carapaça,
enquanto caçam e estão a pino.
Vi tantos deles no caminho,
na dança que do cerne do ser parte,
enchendo os copos e os erguendo,
no ar das ideias soltas e ligeiras e
das gotas de luz diluindo as penas.
Outros trovejando na cabeceira,
prosas densas parando as naves,
outros não desejando tais conversas
cantavam seus feitos e sua sorte
dos seus amores e da natureza,
e dos despojos desses encontros...
Vi-os nesse patamar estendido,
em mármore quente sobre a serra,
nem em cima nem em baixo,
mas no centro do sol
que o teu rosto encerra.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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