terça-feira, 9 de julho de 2019

Na peugada ecológica


A avaliar pela quantidade de lixo que vi espalhado no parque de campismo que serviu de suporte a um desses festivais de música aqui da Ericeira vistos por jovens sedentos de passarem uns dias longe dos progenitores ou encarregados de educação, esta geração anda tão preocupada com o meio ambiente como anda o Trump. Isto vem ao encontro do meu pressentimento de que esta história da ecologia dada a injeções na escola é repetida por papagaios sem consciência para ficarem bem onde é costume trocarem entre si e darem aos outros "óptimas" imagens de si próprios: a de bons alunos que repetem o que lhes foi ensinado (cada vez mais a escola forma papagaios enformados), na televisão, no Facebook ou em qualquer entrevista ocasional que lhes seja feita. Depois, sob o efeito do álcool (esgotam os stocks das bebidas alcoólicas dos supermercados vizinhos da ocorrência festivaleira) e drogas (muito são apanhados pela polícia), esquecem-se da ecologia num instante e, na manhã da ressaca e do regresso às asas "protectoras" dos seus familiares, deixam um rasto de lixo atrás deles. É a geração Erasmos, culta, viajada, informada, ecologista na sua única causa, que merecemos. Eu que pinto umas coisas sou a primeira a não acreditar nas imagens e se eles, ao menos, pintassem, talvez também não acreditassem... Mas teriam que largar a esquizofrenia oscilante entre a vaidade das selfies e a vontade de um planeta limpo azul e verde, entre as boas notas que arrancam e a capacidade de raciocínio que denotam quando falam, entre as causas que abraçam e tudo o que vão fazendo para as esquecer. Como dizia alguém quando eu era da idade destes festivaleiros, "ser jovem não é necessariamente ser estúpido", o problema, digo eu, é que as mentalidades "evoluem", são educadas com base na "consciência", e com a determinação das "causas", e ficam estúpidas ao ponto da frase citada poder apenas tornar-se numa ironia. O problema, hoje, é ninguém se atrever a chamá-los de "estúpidos" com medo das lesões emocionais que possam ser despoletadas (o "alavancar" é uma americanice) e isso, pelos vistos, é muito pior do que as lesões cerebrais que possam vir a ter à conta dos comas alcoólicos, ou das "graças divinas" das drogas diárias ou quase, ou do que quisá, e se alguém lhes chamar "estúpidos", poderem vir a beber e a drogar-se ainda mais, sendo pior a emenda que o soneto, de maneira que, alguma coisa se passa e que me faz duvidar de qualquer imagem que me seja projectada, tanto pelos jovens, como por alguns educadores (país e professores), como por qualquer "onda" juvenil muito ecológica e sentimentalista. Se não duvidarmos, vamos todos ao engano, oh, se vamos...

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