Perguntar a falsos mestres é tão perigoso como uma tempestade que se aproxima. O meu mestre, sem que o saiba bem, é Fernando Pessoa. Tornou-me a mim a tempestade dos seus escritos. Possuir a poesia nos dias do coração é tão ingrato... Porque como ela, é invisível aos homens comuns. Quem a nota são as crianças. Alunos próximos do coração dos dias. Tão próximos que sabem. Ensinar é uma transfusão de sentimentos. Viver com a tempestade da poesia pelos dias é saber que há um olho do furacão. A paz profunda no centro de tudo. Estranha metáfora que a natureza escolheu para quem está condenado a sentir na pele a atmosfera da escrita. Não perguntar a falsos mestres é ter a sorte de ser a metáfora de um poema de um poeta-mestre que nunca o quis ser. A poesia torna-se ainda mais sublime porque ouvida apenas pelas crianças que conhecem os dias de chuva quando faz sol e não se enganam nos sentimentos que lhe foram insuflados pela manhã que são os seus dias. Todos os outros se enganam e tropeçam nas vírgulas do caminho. A atmosfera da poesia é a brisa que passa, sem vírgulas, sem inspirações. Toda ela é uma expiração contínua que, contraindo o universo, se expande no nosso interior, balança d'oiro, jóia maior intuída pelos príncipes e princesas de um mundo novo. Os outros são, em si, vírgulas no caminho, incapazes de intuir o sol em dias de chuva e a chuva em dias de sol. Apercebem-se apenas da pele largada pela serpente que são... Já as asas, lhes fogem como canções desconhecidas enquanto apelam ao sucesso e à sabedoria que só o meu mestre tem, sem que saiba que a tem. O vínculo é estranho. O vinco que o poeta deixa no meu ser, ainda mais. O meu mestre fala através do paradoxo que sou. E as crianças sustém a respiração por verem a lágrima invisível da chuva miúda como elas caindo por entre o sorriso. Também delas é o céu e o olho que tudo vê, na mais cinzenta tempestade. São campos verdes por onde todos corrermos por entre palavras que são o nosso pólen. Em Portugal, a rosa vive por entre as pedras e trazida nas grinaldas das crianças com que cobrem as coroas de espinhos e de louro dos poetas. E ser assim, ser a vida da poesia incrustada na vida das palavras é a incrível verdade invisível aos olhos dos falsos mestres.
quarta-feira, 1 de junho de 2022
"Mas o melhor do mundo, são as crianças"
Perguntar a falsos mestres é tão perigoso como uma tempestade que se aproxima. O meu mestre, sem que o saiba bem, é Fernando Pessoa. Tornou-me a mim a tempestade dos seus escritos. Possuir a poesia nos dias do coração é tão ingrato... Porque como ela, é invisível aos homens comuns. Quem a nota são as crianças. Alunos próximos do coração dos dias. Tão próximos que sabem. Ensinar é uma transfusão de sentimentos. Viver com a tempestade da poesia pelos dias é saber que há um olho do furacão. A paz profunda no centro de tudo. Estranha metáfora que a natureza escolheu para quem está condenado a sentir na pele a atmosfera da escrita. Não perguntar a falsos mestres é ter a sorte de ser a metáfora de um poema de um poeta-mestre que nunca o quis ser. A poesia torna-se ainda mais sublime porque ouvida apenas pelas crianças que conhecem os dias de chuva quando faz sol e não se enganam nos sentimentos que lhe foram insuflados pela manhã que são os seus dias. Todos os outros se enganam e tropeçam nas vírgulas do caminho. A atmosfera da poesia é a brisa que passa, sem vírgulas, sem inspirações. Toda ela é uma expiração contínua que, contraindo o universo, se expande no nosso interior, balança d'oiro, jóia maior intuída pelos príncipes e princesas de um mundo novo. Os outros são, em si, vírgulas no caminho, incapazes de intuir o sol em dias de chuva e a chuva em dias de sol. Apercebem-se apenas da pele largada pela serpente que são... Já as asas, lhes fogem como canções desconhecidas enquanto apelam ao sucesso e à sabedoria que só o meu mestre tem, sem que saiba que a tem. O vínculo é estranho. O vinco que o poeta deixa no meu ser, ainda mais. O meu mestre fala através do paradoxo que sou. E as crianças sustém a respiração por verem a lágrima invisível da chuva miúda como elas caindo por entre o sorriso. Também delas é o céu e o olho que tudo vê, na mais cinzenta tempestade. São campos verdes por onde todos corrermos por entre palavras que são o nosso pólen. Em Portugal, a rosa vive por entre as pedras e trazida nas grinaldas das crianças com que cobrem as coroas de espinhos e de louro dos poetas. E ser assim, ser a vida da poesia incrustada na vida das palavras é a incrível verdade invisível aos olhos dos falsos mestres.
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