domingo, 3 de fevereiro de 2019
Meia Laranja
Uma laranja tem gomos em forma de crescente o que implica que esses gomos podem ser associados ao crescente lunar que tende para a lua cheia. Uma lua cheia acontece quando metade dela reflecte metade da luz do Sol. Assim, um crescente reflecte menos de um quarto de luz do Sol. Como um quarto minguante o faz. Quando partimos uma laranja ao meio isso significa que partimos uma série de quartos crescentes ao meio, o que significa que ficamos com um quarto de laranja e não metade. Assim é a vida, simbólica, e na qual a matemática é apenas uma parte e não a totalidade. Assim, é certo e sabido que, se como a mulher de Lot, olhamos para trás, em pleno caminho, em sal nos tornaremos, porque esse "olhar para trás" é feito aquando um quarto do caminho, de luminosidade quase nula, qualquer coisa que vai a crescer e, aí, se detém. Mas se prosseguirmos, nesse caminho onde "o que está em cima é igual ao que está em baixo", só que de pernas para o ar e formos por aí fora sem vacilar na naturalidade de o fazer, a páginas tantas, temos metade do caminho. Essa metade encanta-nos porque pensamos que vemos o sol todo na lua ou que comemos metade da laranja. Na verdade, vemos metade da luz do sol e comemos apenas um quarto da laranja. Nessa metade do caminho, quando se olha para trás (e aí Deus nunca nos proibiu de olhar), como já temos metade da luz solar, o olhar já é solar ou antes apenas um olho é solar, para ser mais precisa, o outro é finalmente lunar, com luar e já nada se vê como quando se via na escuridão da face oculta da lua. Vê-se nítidamente aquilo que nos parece ser metade de um caminho e um quarto de sabedoria nele encontrado, a laranja da fotografia, o que já não é mau. A depuração é isto só que qualitativamente... Depois, para não contradizer por sistema a Tábua Esmeraldina, "o que está em cima é mesmo como o que está em baixo" sem que haja, neste caso o "ao contrário", se visto com o olho solar e ao contrário, (percebendo efectivamente esse "contrário", coisa que não acontecia sem a luz do sol, nem luar), se visto com o olho lunar e só com esta capacidade se pode , enfim, entrar no templo. É por isso que, à entrada de alguns templos antigos, a lua e o sol se encontram lado a lado, em harmonia, antes disso andamos todos no adro... na escuridão da face oculta da lua e, só depois de entrar, se inicia a viagem, propriamente dita. Perguntar-se-ão se não estará este raciocínio viciado. Não está. Para se comer verdadeiramente uma laranja, há que provar igualmente, a sua essência, o seu arquétipo, o seu princípio. É por isso que, e muito bem demonstrado pela natureza, a lua só reflecte metade da luz do sol ficando a outra metade por reflectir. Nem o sol se dá a conhecer na totalidade (só dirige uma face para a lua), nem a lua faz a rotação necessária sobre si mesma, para dar a outra face a reflectir ao sol, mesmo estando aparentemente cheia, coisa que, em verdade, não está. Fica pela metade. Dai que, a depuração seja necessária e consequência de qualquer caminho. Porque há sempre dois caminhos no caminho: o caminho da vida, mais longo e o caminho da sabedoria, mais curto, porque produto de depuração da própria vida. Só nos dias d'hoje, extraordinariamente quantitativos, se confunde "mais curto" com "mais rápido" quando ninguém aqui afirmou uma coisa dessas... Afinal, quando estamos a comer uma laranja, estamos a comer só metade, por muito rápidos que sejamos e, se há uma metade da lua que reflecte há, naturalmente, metade de um sol reflectido.
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