segunda-feira, 10 de junho de 2019

Ritos e Caldeirões



O caldeirão da imaginação significa em linguagem da Cynthia que há quem nasça com imaginação. O caldeirão de civilizações, na mesma linguagem, significa que há quem nasça sem imaginação nenhuma e necessite de reproduzir uma civilização e/ou épocas históricas já desaparecidas, quer seja por ritos perdidos no tempo, quer seja por mimetismo de vestuário.
Assim, temos os ritos actuais e temos ritos do passado dos quais só há hipóteses de reconstrução porque não há dados nem pessoas viventes suficientes para os reconstruir. Só  podem ser reconstituídos como no teatro, reconstruir e reconstituir são palavras diferentes.
Na verdade, como afirmou Fernando Pessoa, os ritos são necessários para quem não sabe nem sente que os símbolos possuem vida. Em último grau isto remete-nos para os tipos de iniciação (pessoal ou colectiva) existentes no mundo. Os pessoais referem-se às pessoas, os colectivos (mesmo que ligados aos ofícios ou ao sacerdócio, referem-se ao colectivo). Os pessoais, na verdade, são espontâneos, ou seja, há um encontro no tempo e no espaço com o rito espontaneamente, os restantes são mais elaborados e, quando se tornam espontâneos, tornam-se imediatamente pessoais. Assim, o rito colectivo deve prolongar uma memória (sem interrupções) e a sua finalidade, mesmo que pareça utópica, é tanto a pessoa, como o rito que um dia se encontrará com ela espontaneamente. As pessoas com imaginação facilmente sabem que os símbolos têm vida e, ou se encontram no caminho do rito espontaneamente ou se encontram no caminho do reino da fantasia, que nada tem de rito, apenas uma deriva na fantástica aventura da iniciação. Fantástica,  porque a outra é real, ou seja verdadeira. Resta saber, qual o rito.

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