Poderia ser que o olhar
Fosse ainda mais para longeE te tocasse no horizonte
Poderia ser que o sorriso fosse
Multiplicado pelos instantes
E te desvendasse o teu
Poderia se que as palavras
Fossem todas elas concentradas
Em livros, em prateleiras,
Infinitas na biblioteca
Elevada em degraus
Poderiam ser tantas coisas
Concentradas num único ponto
Jardim que nos percorre
E do qual somos a fonte
Brotando em água fresca
Onde todas as simetrias
Não são pensadas
E onde toda a dança
Solta do nascimento das flores
É da ordem das estrelas
Formando tudo o que quisesses
Entre a dúvida se os deuses
Estão implicitos nelas
Ou se as viagens
Estão inscritas nelas
Ou se ambos vivem e se geram
Enquanto o jardim passa por nós
Na transparência do que somos
Sem alfa ou ómega
No eterno movimento
Do que vamos sendo
Em espíritos unidos
Por aqueles por quem
O jardim passa
Deixando o jardim vivo
Àqueles porque quem
O jardim sempre esperou.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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