sexta-feira, 27 de março de 2020

Animais de companhia


Há um grande número de pessoas no nosso país que a única coisa, e a mais acertada, que podem fazer, é ficar em casa.   E ficar em casa mantendo-se sãos, física e mentalmente, sabendo que a única coisa que podem fazer é ficar em casa nessas condições. Por aqui o Paxá, que nunca quer problemas com ninguém, deixou-se adormecer, extenuado, com as patas em cima da Matilde. O cansaço superou a mania que ele tinha de "não incomodar a Matilde", sua mãe (com a dona não faz cerimónia). O meu gato Casemiro (fadista  de renome aqui no bairro por passar os dias a miar) está traumatizado porque deve ter caído mal. Perdeu o pio, continua coxear independentemente de ter despejado um xarope e seis comprimidos anti-inflamatórios e da veterinária não lhe ter achado nada. Parece que o fadista deixou de cantar o fado e se concentrou no aspecto psicológico da queda, coxeando sem razão aparente embora seja verdade, e os gatos até sabem umas coisas, que o volume de festas aumentou desde que apareceu traumatizado e talvez queira prolongar a causa e o efeito. Os bichos até dão boas fábulas como a do gato das botas que tornou o dono rico, embora fosse sol de pouca dura porque, uma vez rico, ninguém mais soube dele. As peripécias animalescas têm muito interesse mas é apenas sob o ponto de vista dos donos dos animais. É um pouco como aquelas mães que falam compulsivamente dos filhos que são sempre os melhores do mundo e melhores que os outros filhos de todas as mães. É que a virose deixa doente quem tem o bicho e pode enlouquecer quem o não tem, o que vai dar no mesmo. Deste modo, convém resguardarmo-nos em casa tentando ficar o mais sãos possível.

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