Compram espanta-espíritos, talvez para os espantar. Uns vale
a pena espantá-los, deixá-los, assim, de boca aberta e dizer-lhes cara a cara:
- Vês, tenho um corpo
e tu não. Um corpo denso, intenso, tecido de sensações. Outros valem a pena,
mais do que espantá-los, colocá-los a milhas e dizer-lhes: - Não interessas nem ao diabo.
Mas há espíritos interessantes de cuja presença se pode retirar a paz ou uma boa conversa. Para esses devia existir um “atrai-espíritos”.
Mas os espíritos, esses estão por toda a parte. Basta haver uma pessoa ao nosso lado para ter um espírito ao nosso lado. Ou mais, até... depende da íris de quem os vê.
O que é certo é que se convive com todos eles, e mesmo na solidão da floresta ou do deserto, eles aparecem.
Se quiséssemos mesmo espantar os espíritos seríamos
obrigados a usar um espanta-espíritos nas orelhas, ou num chapéu, ou numa
pulseira... correndo, evidentemente, o risco de nos espantarmos a nós próprios. E quem ficaria para ver o mar?
Cynthia Guimarães Taveira
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