Entre
o sim e o não
Soa a
serpente timbrada
Em
que timbre é afinal desvelada
Se o
que soa é trovoada?
Entre
o sim e o não
Soa a
serpente alada
Em
que alas pára ela
Se
não é encontrada?
Entre
o sim e o não
Soa
sibilante e intelectualizada
Em
que livro soa ela
Se
deles está apartada?
Entre
o sim e o não
Soa a
centro e periferia
Em
que gira afinal
Se
não rasteja à luz do dia?
Entre
o sim e não
Soa a
serpente clandestina
Paira
ela em que altar
se a
todos os elevou a voar?
Entre
e o sim e o não
Soa a
serpente por descobrir
Em
que sombra fica ela
Frente
ao mocho a sorrir?
Entre
o sim e o não
Soa a
serpente, soa a serpente
Mas
sob que pedra ela dorme
Se
apenas soa e não se sente?
Soa a
serpente
só
porque ecoa
nas
grutas internas
das
almas expostas.
Nunca
lá esteve.
Nunca
lá dormiu.
Soando o som que não é.
Lida
em anéis de corpo
Cifrada
e tomada por cifra
Tornada
dança porque dançada
Em
dias e noites
sucedidos
alturas
várias
de
abismos
de
soares e sentidos
e no
silêncio clandestino
ovo
novo em azevinho
pássaro de sopro nascido
soando
a ninguém
e em azul do alto dirigido
no
segredo infinito
que
não soando
o
mundo tem.
(Cynthia
Guimarães Taveira)
Sem comentários:
Enviar um comentário