Desenfreadamente procuramos
encontrar o mudo sentido que há no que foi sentido mudamente. Como bichos se
procuram na floresta, com os sentidos amplos, atentos, perscrutamos cada espaço
entre as árvores, cada sombra, cada movimento na quietude. A diferença está nos
sentidos. E como não usamos os sentidos, esses dos bichos que desenfreadamente se procuram, usamos outros, infinitamente transparentes, onde não há orelhas,
nem olhos, nem gosto, nem nariz e
muito menos o toque da terra... porque essa floresta, onde como bichos, nos perscrutamos
desenfreadamente é toda diferente de uma floresta vulgar. Nela, não há uma
única árvore sequer. É céu.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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