terça-feira, 7 de abril de 2015

A floresta




Desenfreadamente procuramos encontrar o mudo sentido que há no que foi sentido mudamente. Como bichos se procuram na floresta, com os sentidos amplos, atentos, perscrutamos  cada espaço entre as árvores, cada sombra, cada movimento na quietude. A diferença está nos sentidos. E como não usamos os sentidos, esses dos bichos que desenfreadamente se procuram, usamos outros, infinitamente transparentes, onde não há orelhas, nem olhos, nem gosto,  nem nariz e muito menos o toque da terra... porque essa floresta, onde como bichos, nos perscrutamos  desenfreadamente é toda diferente de uma floresta vulgar. Nela, não há uma única árvore sequer. É céu.


(Cynthia Guimarães Taveira)


Sem comentários:

Enviar um comentário