Pintando, sobretudo, símbolos, são aqueles, no entanto, que
nada percebendo de símbolos, mais apreciam este tipo de pintura. Os outros
inflamam-se em horrores ou venerações e vejo-os ardendo nos símbolos que
elegeram. Muito haveria a dizer sobre a transposição ou viagem através dos
símbolos mas aquilo que mais será entendido, no final, será, não o que fala
ao inconsciente, porque para isso os símbolos são apenas parte de um todo universo,
incluindo o mundo, falando tudo na
totalidade ao inconsciente, mas antes, o dado último da simples revelação.
Passado esse limiar, até qualquer fragmentação soa a absurdo. Mas não há
absurdo naqueles, que nada percebendo de símbolos, apreciam o símbolo. O sagrado
é a ausência de absurdo na prova absurda de que existe. Quando alguém contém o
sagrado dentro de si, torna-se, inevitavelmente, absurdo para o mundo
dessacralizado. É no maior ou menor grau de sacralização entre as várias
pessoas que se torna possível o entendimento. Falo de entendimento, não de boa
educação, porque dessa está o mundo cheio, e quando não está também está...
senão já tinha desaparecido.
Donde partiste?
Dou-te o sorriso.
Donde partiste, assim o lerás...
É esta a verdadeira arqueologia,
Até lá, tens uma grande viagem a fazer
Chama-se demanda
Em Portugal chama-se Portugalidade
Se o teu corpo o for, podes partir
Se não o for terás de nascer de novo
Passando pela morte, que não é crise
E, ainda assim, isto é só o princípio
(Cynthia Guimarães Taveira)
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