domingo, 12 de abril de 2015

Trilhos celestes



(para os utentes deste poema foi elaborado um livro de instruções de leitura, visível, com vista a facilitar a interpretação - cuja subjectividade é apenas uma opção - tornando as palavras da mesma espécie, coloridas ou sublinhadas. Deverá ser lido do princípio para o fim, encontrando-se no seu interior, as peças do achamento da objectividade final, podendo esta ser montada no interior de cada interprete com mais ou menos parafusos, consoante os que tenham à mão. Para qualquer reclamação, sugestão ou observação estão disponíveis durante 24h os serviços de atendimento aos utentes através do número de telefone correspondente ao de cada utente.)

 
Poema em mim
Porque me foi dado mundo
Quando não é dado mundo
Nem Poema em mim
Nem em quem não tem mundo
 
Poema é porque escrevo
Em mesa, secretária, café
Se não houvesse nem mesa,
Nem secretária, nem café,
Talvez não houvesse Poema
 
Todo o Poema é confortável
E o Gesto mais ainda
Se digno e notável de um
Poema que não definha
 
Gesto em mim
Porque me foi dada a Alma
Quando não é dada
Nem Gesto em mim
Nem em quem não é dada a Alma
 
Todo o Gesto é conforme a Alma
Se não a houvesse
Tão cheia de esplendores e horrores
Talvez não houvesse nenhum Gesto
 
Tudo vai sendo um sempre sem fim
No Silêncio que há no Gesto e no Poema
Porque o infinito é um dado que
Quando é dado já não vale
(Só revelado é real)
Se dado for nem Silêncio em mim
Por não caber no infinito que é...
 
Toda a dádiva vai do infinito
Para o finito que somos
Mas no infinito só vive eterno
tudo o que infinitamente é.

(Cynthia Guimarães Taveira)

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