Alcanço-te, no descanso vago de um olhar
Quem dera que tomasses a forma de um vento
Mas um vento cheio de asas leves
Assisto-te, como quem assiste à passagem
De todos os caprichos que te assistem a ti
Sinto-te, vagamente, enquanto fito longe
Tudo o que de mim não ficou
E tudo o que ficou se torna teu, a pouco e pouco
Pó que regressa às esferas...
Que importa tudo? Só restam palavras
E pontes a fazer nas brumas estendidas
Para lá do nevoeiro de entre as margens
Nada a dizer a não ser esta escuta permanente
D’ outros espelhos improváveis
D’ outras histórias nas tuas mãos que ofereces
Nas promessas dos dias aquáticos
Não tenho memórias, nada sei do que vivi
Tudo se colou aos ossos e aí ficou
Sem que fosse nomeável até
A memória é só saber...
nada mais, e tudo o que isso é.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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