Te digo, em verdade
que parte da luz que recebes do sol,
foi uma parte já reflectida em ti e a ti é devolvida,
como parte da luz que
a lua te oferece,
é parte desse sol que em ti esteve, revelando-te.
Te digo, em verdade,
que tudo o que recebe a luz
A devolve, tanto à fonte, como ao que o cerca,
e a volta a receber,
e em verdade te digo,
que todo o espelho que vês,
é, em parte verdadeiro,
no que de verdadeiro tens,
e que todo o caminho que percorreste
(e podendo vê-lo, assim)
o verás à luz que te escapou
enquanto o percorrias,
e que todo o caminho que, em seguida,
percorrerás, é o dos deuses,
capazes de formarem o caminho,
com os seus próprios passos.
E que, na dupla iluminação,
para que seja e se cumpra,
é necessária a mais pura intenção,
semelhante àquela que mais tarde,
fará o próprio caminho, o único
que se pode dizer que o seja...
Em verdade, e sem ler, te sei
como parte da mesma luz
que me gerando, te gerou,
gerando-nos para além de nós...
E em verdade, te direi,
que antes de tudo isto,
nada verás, senão o espelho do desejo,
e que, só passando para lá dele,
de todo e qualquer que ele for,
de toda e qualquer forma em que aparecer,
como prece, até... porque indo além e depois dela...
verás a mesma origem,
no mais encantado e reconhecido silêncio.
E que todos os astros giram em alegria
mas aguardam, que as tuas lágrimas
secretas não existam mais,
e pelo dia em que, já sem sombra de não haver
a mais pura intenção possas, enfim, ver, o que vejo
e sempre vi no silêncio mais profundo que guardei,
e tão somente porque a pele me disse,
sem desejo, sem nada
que toda a luz que guardavas
era a mesma que, no meu recanto mais secreto,
escuro e sombrio, exaltava.
(Cynthia Guimarães Taveira)
Sem comentários:
Enviar um comentário