Todas as palavras são vestes,
modas, túnicas...
Todas sentimentos,
todas absurdas...
Nenhuma é real,
todas se podem tocar,
e usar-se como pulseiras,
ou podem eternizar
o que de pouco eterno
tem a terra inteira.
Passam por nós
como vestais translúcidas,
o seu fogo guardado
é em fora sol e chuva...
Todas são possíveis
dos actos impossíveis.
Passam por nós,
como nós passamos
nesta noite que é o universo,
e até ele passa e não perdura...
Uns disseram que o vento
era a passagem da amargura,
outros que a brisa
era Deus a passar na sua ternura,
passaram nas palavras,
tudo se passou nas palavras,
todas em sopro ditas...
Todas as palavras não são mentiras,
vestem apenas de naves e sistemas,
tudo que não é nave, nem sistema.
Todas fogem do primeiro sentido,
e tentam encontrá-lo nessa fuga.
Todas são vestes e incríveis,
nenhuma se iguala em tamanho
às que não sendo ditas, são entendidas.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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