Li outro livro
não aquele enquanto o lias,
outro era que não o mesmo
e sem querer nele o acontecias.
E daqui donde te li,
vi as escadas que subias,
no fundo delas, caves frias,
foste para terras que escolhias...
Não fosse não teres lido
o livro que te lia,
nele descobririas o livro
que quem o lendo te antecedia...
Esperaste o reflexo
no livro em espelho que te estendia,
nele viste a noite escura e fria,
brilhando o sol em pleno dia...
Se três livros afinal li,
o meu, o teu e o outro que escondias...
outro daqui aqui ficou,
por teus olhos só lerem o que sabias.
Aquele outro sem letras exposto,
no sentido interno do que sentias,
esse ficou por ser lido,
não mo leste porque o não vias.
(Cynthia Guimarães Taveira)