sábado, 16 de abril de 2016

Sem título, nem honras, só grandeza.



Porque eram flores do campo
e eu só as escutava

Porque navegava num longe que era tão perto
Porque não sossegas com o meu silêncio?

E não o vês como a obra prima da tua alma
a face que nunca digo
porque se o dissesse
explodia o mundo...

porque eram flores do campo e corriam selvagens

porque nem interessa os "porquês"
que nos perseguem dia e noite...

O meu silêncio é a obra prima da tua alma
onde te re-escrevo
em tons que nem sonhas
embora saibas os meus sonhos

A verdade? Digo-ta de forma surpreendente:
O mundo ainda não está preparado para a grandeza
do que é ser-se humano.

Como falar então?

nem há pincéis, nem telas, nem arte sequer
que demonstrem, passo a passo,
como uma simples teoria
aquilo de que somos feitos

um imenso símbolo inexplicável
quase labiríntico no seu interior
feito de percursos de sentidos vários

sim, mais do que árvores, nós humanos
mais do que frutos, ou flores ou sementes
como se fossemos tudo ao mesmo tempo
e ainda o céu

esse céu
tão dentro de nós

o silêncio é uma pausa de criação
não é quando escrevemos, ou dançamos
que criamos

é nesse silêncio que não compreendes
nessa não manifestação aparente
mas que é toda por dentro

mas que é uma força de luz
mas que contém os germes
de toda a verdade que há-de ser

não estranhes o meu silêncio
aquele que mostra uma expressão séria
aquele que vibra em todo o coração
e o faz crescer até às estrelas

como se dá a mão à humanidade?
Eis o desejo secreto de alguns
o mais secreto e o maior

Não há templo, religião, crença ou filosofia que o valha...


(Cynthia Guimarães Taveira)