segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Se houvesse tempo...



Se houvesse tempo...
mas ele não o há.
Passado e presente
é o mesmo atalho
onde te encontro
e revejo e onde é
sempre o mesmo beijo.
 
Se houvesse tempo,
sabia do norte e do sul
como encaminhamento...
E vozes cristalinas não
não enganariam o vento
 
Mas não há tempo,
nunca o houve fora do eterno,
não há sequer presente,
mas a substância antes até
de te ter por ausente.
 
Não há tempo
porque há sempre um sonho
sobreposto a tudo isto
como uma chama insistente
dizendo lembra-te do que não viste
 
Que interessa norte e sul
nos ponteiros  falsos
se meio-dia e meia noite
são o mesmo rosto
do que não escondes?
 
Donde a alma sem caminho
não atravessa ela o tempo
nunca por ele torna mas pelo ser
ergue os olhos aos ponteiros
visita noite e dia e os conhece
não das horas baixas
do logro em sermão
mas para além da esfera
onde em verdade o são.
 
 
(Cynthia Guimarães Taveira)