quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Aos agora mui interessados

 


Aos que agora parecem muito interessados no que ando a escrever: Kali Yuga é aquilo que se passa. Ciclo final. Já digo isto há muito tempo. 

domingo, 1 de outubro de 2023

Vera Justiça



Mais palavras que nos embalem, neste doce fim de tarde e tornar tudo ainda mais sereno. As saudades que tenho daquele que falava francês e tocava nas flores e com ele doutro tempo e doutros tempos. A nostalgia é uma malvada. O mundo não muda porque não quer, bem lá no íntimo adora o desespero das gentes, a injustiça das gentes, a inglória trajactória por onde avança. O mundo por onde vai, não quer ser agradável, não quer ser sereno, vai por onde quer e como quer. É sua escolha última sem nunca saber se é a definitiva. Ouço música soul, daquela calma e tudo parece estar bem. Suavemente bem. É mais um momento entre tantos outros. E nado, nado à tona da água. Perguntaram-me se me sentia exilada. Desde que nasci, respondi, agora ainda mais neste "à tona da água", sem ceder um milímetro à amargura ácida e sem saber se é definitiva esta resiliência. Só os loucos não se sentem magoados nesta solitária época. Só os loucos estão felizes. A normalidade já não sorri. Anda séria e sisuda por dentro a olhar para o coração e a tentar que sangre menos. Tentar que o coração não sangre demais é estar à tona da água, a inspirar sofregamente cada pôr do sol, cada música soul que canta a suavidade do mundo quando este decide ser suave. Agora, neste preciso momento, não acreditamos em políticas nem em políticos, mas a amargura não desce, porque acreditamos em nós, na nossa falta de demência, na nossa total falta de ambição política. Ela é forte, é o nosso centro que nos ergue acima das eleições e das misérias distribuídas pelas bancadas do circo. Os ambiciosos são toscos face a esta vontade de demanda interna que nos faz flectir as pernas e saltar para fora de órbita quando queremos. E ver tudo a partir de cima, qual extraterreste daqueles que estão hoje nos desfiles de moda e falar uma língua que o mundo não reconhece quando não está calmo e suave. Quando pratico a justiça, pratico-a sem pensar no amanhã. Nunca há amanhã. Amanhã, o planeta está morto e vazio de seres. A prática da justiça não é um acto de fé, de esperança e ainda menos de caridade, é simplesmente respirar, à tona da água, esbracejando na eterna dúvida se nos afogamos ou não. É apenas o ar que se inspira, sem razão, sem pensamento, sem futuro porque toda a razão e todo o pensamento só agem para o futuro. A justiça está fora do tempo, é uma inspiração de uma matéria indefinida sem ser um salto de fé. E é disso que o mundo tem medo. Prefere, na sua acção, um futuro catastrófico à ausência de futuro. Prefere reagir a agir. Prefere a escravidão da reaçção à liberdade. Agrilhoou-se porque quis e não tenho pena, a pena é para quem pensa no futuro do mundo. Este coração sabe que sangra, apenas, e no futuro, não se vê, como a bruxa que não conseguiu ler as linhas das minhas mãos, afastando-as dizendo que não percebia nada. Não me levou um cêntimo. O que me ri quando saí da tenda. Nunca houve futuro em mim como não houve para o mundo, tal como está. Se a bruxa estivesse mais atenta, tinha visto na palma da minha mão esta música suave, que é só o sabor do tempo exacto e não apenas estas mãos de extraterrestre elegíveis. Vivo entre o mundo quando está suave e o não mundo. Este como está serve só para nadar e manter os sentimentos à tona da água para evitar que o coração sangre demais. Os políticos são demasiado reactivos para serem justos. A nossa suposta elite é miserável. De todos os quadrantes. E é um profundo acto de justiça afirmar isto, aqui donde vos vejo, por entre as estrelas.