domingo, 25 de novembro de 2018
A Novi-civilização
A novi-civilização é composta por novi-santos porque neles, graças à novi-educação todas as pulsões negativas foram eliminadas. Vivem na paz de um Senhor que pode existir ou não consoante a escolha da religião de escaparate de supermercado. Não fazem mal aos animais nem os comem. Sao todos vega (a caminho da ausência de dentes pelos tenros vegetais - que não são seres vivos...), o sexo é fluído porque varia no género e do engate feito de imagens projectadas pelos interessados no "plano subtil", ou antes, neo-subtil. A arquitectura é neo-sagrada, baseada na harmonia dos números pitagóricos e não só, depende da tal neo-religião de escaparate de supermercado. As neo-crianças serão educadas no sentido da paz e da harmonia com regras de cidadania embutidas na mecânica dos gestos. A neo-civilização será produto da neo-consciência que nunca será individual mas colectiva-integrante-de-toda-as-diferenças tendencialmente difusas e atenuantes de qualquer atrito, obstáculo ou dificuldade no que toca ao pleno entendimento do "outro" que nada mais é do que um "eu" sob outra forma, sujeito imprescindível para a bem aventurança das nossas boas acções de consciência colectiva.
Ando deliciada com esta novi-civilização e com esta tão esperada erradicação do mal do consciente, do inconsciente e do subconsciente. Afinal, já não somos todos humanos. Também não somos deuses, nem Deus, nem extraterrestres. Cá para mim, se calhar nem somos coisa nenhuma, porque o ser, verdadeiramente, não existe, foi substituído por uma neo-estrutura-funcional autofágica possuidora do dom da eternidade graças ao avançado estado da tecnologia na área da saúde e ao facto de sermos todos vega porque as plantas não são seres vivos. Se fossem nem existiamos. Isso é que era bom.
Cynthia Guimarães Taveira
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