Percebi, pelas notícias, que andam pegados por causa do memorial das vítimas da escravatura. É natural porque o fundo não é totalmente verdadeiro. Para fazer memoriais não se deve ser selectivo. Não se deve esquecer a escravatura "made in África", ou aquela feita pelos índios, nas américas, aqueloutra feita na Índia, onde os escravos intocáveis nem vislumbravam a liberdade, as histórias caladas na China, os mártires da Rússia do Czar e do comunistlmo, os da América Latina comprados pelos cartéis, os escravos do feudalismo, os escravos das religiões, os escravos da família, a escravatura dos animais e muitos mais que a nau Catrineta teria para contar. O memorial do convento da desgraça foi sempre a grilheta da humanidade arrastada pela História. Tanto quanto sabemos as vítimas são vítimas, também elas de selecção, sem que possam apontar os vizinhos resistentes na rua do infortúnio por já se encontrarem noutro plano. E quanto aos escravos actuais, deles não há memória por não lhes ter sido dada a honra de entrarem para a História se é que alguma vez entrarão, ou porque a memória é fraca, cada vez mais, ou porque são tão invisíveis que os ressacados seletivos nem se dão conta de que existem ou existiram. É natural que não se entendam nesta coisa dos memoriais muito "in" porque se combate a injustiça com injustiça.
Sem comentários:
Enviar um comentário