quinta-feira, 4 de abril de 2019

Cynthia, a bruxa.


O meu bruxedo preferido:



A subversão ou o facto de se tresler as citações conscientemente resulta numa espécie de erro ao qual o aspecto mais interno da questão é imune porque onde não há erro não há alteração e onde há erro, há correcção. Toda a correcção é dolorosa porque implica um deslocamento, um movimento em direção oposta ao autêntico vento inicial – e tomamos aqui a palavra Vento no sentido simbólico do termo, o que obriga a um desvio. Assim, esse movimento fica sempre nesse alguém que subverteu ou tresleu e, mais tarde ou mais cedo, dá-se a reposição, o re-posicionamento que é sempre doloroso. Aliás, a dor é sempre produto da tentativa de correcção de alguma coisa.

Alvalade chama por mim



Humor


Bem sei que René Guénon era Francês, Egípcio e, no fundo, Híndu, e que, por isso, pairava acima das nações mas esta tirada sua é de um humor inglês refinado:

"... os filósofos dizem muitas vezes coisas muito mais justas quando argumentam contra outros filósofos do que quando vêm expor os seus próprios pontos de vista, e como cada um vê bem os defeitos dos outros, vão-se destruíndo mutuamente."

Rene Guénon "O Reino da Quantidade e os sinais dos tempos", Ed. D. Quixote, 1989, pág. 90

Estou sempre a mudar o título às minhas pinturas


(Na foto cantiga de Pero Meogo)



Em cada sonho
Ato a fita D'Oiro
Em verdade
Vos digo
Nada neles não é
Senão teu rosto
Vivo e firme
E nada nele não é
Senão um sol
Que me ilumine
E nada nesse sol
Não é senão
A luz e o seu timbre
Em verdade vos digo
Que cada noite
É via e trilho
Com fitas D'Oiro
A cavalo sigo
Da caverna ao mundo
E daí prossigo
Ao rio que nasce
Donde é a fonte
E o firmamento
Azul dourado
Tão quente e frio
Com fitas D'Oiro
Faço o caminho
Com bermas de flores
E um manto d'arminho
A trote a dois vou
onde já fui
A compasso só
Onde não estive
São fitas D'Oiro
Depois das águas
Sobem e descem
Pelos cabelos-raios
Lados do teu rosto
No sonho perto
Na verdade em mim
Não pergunto
Com palavras d'oiro
Onde estás
Se agora, se aqui
Eras tu o outro
No cavalo a trote
Onde fui, onde te vi
És tu, verdade em mim,
O caminho em flor
Por onde vou
E por ti escolhi

(Cynthia Guimarães Taveira)






   

quarta-feira, 3 de abril de 2019

O que me deram


O que me deram
Os que me acarinharam
Os que me acolheram?
Deram-me flores
E se as flores não fossem pirosas?
E se as flores tivessem o perfume da alma?
E se elas fossem sempre presentes?
O que me deram mais?
Deram-me um jardim
Que só às vezes é Portugal
Porque das outras é só o espinho
Encravado entre o oceano e coisa nenhuma.
Portugal é um jardim, só às vezes
Quando não é um diamante rude e encoberto
Quando não é nuvem que chove
Quando não é animal ferido

Deram-me um jardim
E, às vezes, Portugal merece lá estar
Outras não
Quando o nega
Quando o subestima
Quando o abandona

Mas deram-me um jardim
Para além dele
Que vai comigo
E só às vezes Portugal o encontra
Quando não dorme
Quando tem coragem
Quando me dá flores
E sementes
E mais flores
E mais sementes

Deram-me um jardim
Por onde, às vezes, passa
Quando se lembra que o é
O jardim que é Portugal




terça-feira, 2 de abril de 2019

O Infinito


Desde pequena que nos cadernos da escola desenhava esta figura e ainda tenho alguns com ela. Só há bocadinho é que percebi o que é. É uma figuração do infinito mais correcta do que o símbolo matemático do infinito. É mais correcto porque é uma figura aberta. E ainda é outra coisa mas é tão desconcertante que não digo.