segunda-feira, 26 de maio de 2014

Novos Tempos




Novos tempos

Causa evidente de toda a desordem
É a submissão aos dias aparentados de dias
Na ordem possível tomada como néctar
Está o dia que se sobrepõe ao dia aparente

E se o barco atravessa o rio uma só vez
No alto do sol do meio-dia
E não regressa em nova viagem pela noite
Nunca ele volta em ser e as estrelas brilham

Nem pela metade das metades se fica
No sol que não doira apenas dura
Como face de lágrima a meio desgosto
Como lábios a meio de um fogo posto

Causa da desordem evidente é o sonho rarefeito
em bruma baça,  morna e invisível
E nem se dormita no alto do meio dia
Debaixo da árvore que é a própria vida

Gestos não há que não sejam destino
Toda contradição cabe nele
Suprimo as horas que adivinho
Se no Inverno se canta um hino
 
Não há tempo que não seja e se reveja
Do convés à proa que se eleva
E frente às ondas que não nos temem
Só a asa branca quente e rubra
a nova nau pressente e gera.

 (Cynthia Guimarães Taveira)

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