Quando aquilo que nos transcende se apresenta sob a forma de factos, todos os argumentos, já diz a expressão, não existem. Sendo aquilo que nos transcende, transcendente, resta-nos então a contemplação como aquilo que melhor se pode aproximar ao e do sublime. Depois, na Queda, damo-nos conta da retórica cujo movimento é inverso e se mantém apenas devido aos argumentos. Os argumentos são sempre plurais e extensíveis na pluralidade. A grande diferença entre a poesia e a retórica é que a primeira nasce da contemplação que surge com os factos transcendentes e a segunda só se mantém de pé apoiada nos argumentos que lhe estão imediatamente abaixo. Sensível, como é, a retórica quer aproximar-se da arte não obstante a inestética do submundo argumentativo. A poesia, por seu lado, partindo da transcendência, quer apenas regressar ao Paraíso do qual ouve os ecos. A filosofia só se torna bela na demonstração e a demonstração não é uma apresentação de uma sucessão de argumentos, mas sim de factos transcendentes. A pluralidade deles assemelha-se a flores na Primavera; os argumentos assemelham-se a flores secas e mortas que as árvores dispensam e que vão formar o húmus na terra, o alimento físico da árvore. As flores nascem com o sol e do sol e viram-se para ele. Por breves momentos, as folhas caídas conservam vestígios de ouro solar para se apagarem na escuridão ao passo que as flores vivem todo o ano, independentemente das estações. As flores de Inverno têm calor.
Gostei, gostei muito. Pena que não eu tenha bons conhecimento no domínio do literário para me sentir mais seguro na minha apreciação.
ResponderEliminarSe calhar, mlhor assim.
Muito obrigada, João
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