quarta-feira, 18 de agosto de 2021

A expiação dos pecados e os bodes expiatórios



 Vem o jornalista brasileiro Laurentino Gomes apelar aos pedidos de desculpa, por parte de Portugal, pelo passado esclavagista. Nada como estar na moda. Mas nada pior do que alguém apenas estar a "meia moda". Qualquer aprendiz de estilismo lhe dirá isso. Onde já se viu, por exemplo, alguém desfilar com as cores da estação mas com um corte à anos quarenta? Quando assumimos que vamos estar na moda, essa adesão deve ser total. Ora o Brasil é bem conhecido por não dar qualquer valor à vida humana e  por, por exemplo, as mortes por assalto na rua serem frequentes.  É detestável isso num país. E a miséria das favelas? Um horror. Para Laurentino Gomes, esses detalhes não estão na moda, mas, se olhar bem, enfiam-se bem no pacote dos direitos humanos. Assim, meu amigo, que o seu país comece por pedir desculpa pelas barbaridades que tem em casa (e que até são actuais) e depois falamos em pedidos de desculpa. Ainda não percebeu,  criatura, que basta estar vivo para errar ou se calhar percebeu isso muito bem, mas a moda (parcial) de pedidos de desculpa, fala mais alto. Laurentino Gomes não está na moda. Está naquilo a que se chama uma tentativa falhada de estar na moda. Para estar na moda devia pegar nos livros de história da humanidade e ler todas as histórias, de todos os lugares. Devia reunir as barbaridades e os atentados contra a dignidade humana. Em seguida, fazer uma longa lista e pedir a todos os actuais países do mundo, pedidos de desculpa pelo seu passado. Um verdadeiro padre da santa igreja da moda não deve deixar escapar nada e um verdadeiro Santo não utiliza bodes expiatórios. Isso é coisa de judeu. Aliás, a Alemanha já pediu desculpa aos judeus e há quem esteja careca de saber isso e não deixe, exactamente por estar careca, de sonhar com novos campos de extermínio para eles. Até na Alemanha há carecas actualmente. Os índios também têm passado um mau bocado às mãos dos actuais brasileiros. 

‌A nossa lista portuguesa é enorme. O Afonso Henriques não tratou nada bem os moçárabes. Devíamos pedir desculpa aos moçárabes pelo que fizemos, embora já não existam. E também devíamos pedir desculpa aos mouros pelo facto de termos andado à guerra com eles. A esta hora, se calhar, andavam as mulheres de burka e Portugal era um paraíso de papoilas... e os escravos de agora? Ui, são tantos e estupidificados pela TV.  Muitos deles consomem novelas brasileiras. Saem de casa às seis e chegam a casa às nove, mesmo a tempo de ver a novela. Ganham o suficiente para a ração do dia. E, às vezes, nem isso... E o Viriato? Sim, o Viriato! Diz que se deixou trair. Quer dizer, ele não deixou, mas foi traído e os bandalhos dos Romanos invadiram isto. Vejam só. Se não fossem eles hoje éramos como os cavalos: puros lusitanos. Mas há mais. Consta que os homens das cavernas também não eram pacíficos. Consta... Não temos a certeza.  E os comunistas? Ai! O Papa já pediu desculpa pela Inquisição. Mas as bruxas crescem em número na mesma. E os bruxos. Até causam dano. Deviam pedir desculpa. Agora usam a tecnologia e as plataformas computacionais. E os países vizinhos do Brasil? Sim, os da América Latina. Ali tão perto do Laurentino. Ele não repara no que lá se passa actualmente? A lista é longa. E, mais do que isso, actual. O Laurentino não sabe, mas há muitos macacos a precisarem de serem penteados. Sugiro uma mudança:  de pretendente a estar na moda, passe a cabeleireiro e vá penteá-los. Eles não se ofendem e até agradecem. Por enquanto. 

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