Há sempre uma ovelha ronhosa/ranhosa na família como, por exemplo, naquela família de ateus na qual nasce um elemento que, de repente, espera em Deus, neste caso, uma ovelha luminosa na família... Não há perigo nenhum se considerarmos que a família dos artistas digitais é toda ela filha da ronhosa/ranhosa e que, por vezes, nasce um, luminoso, só para contrariar. O mesmo se passa actualmente com o estado da arte, toda ela, na sua grande maioria, assumidamente ronhosa/ranhosa.
Não há perigo nenhum porque quem coloca essa questão, de haver perigo ou não (ver a imagem, por favor), não percebe nada de arte e não percebe porque coloca o carro à frente dos bois, neste caso, o público à frente do artista.
O artista trabalha com as mãos e, por consequência com todo o seu corpo. A máxima que rege a arte é a seguinte "à medida que o artista trabalha a matéria-prima também se trabalha a si próprio." tudo o que não for isto, não é arte e, por isso, é que a arte é sagrada. Aliás foi isso que levou Lima de Freitas a dizer a frase acertada "Arte que não é sagrada, não é arte".
No trabalho digital, trabalha-se com um dígito e não com todo o corpo e não se entra em contacto com matéria-prima alguma, mas sim com uma realidade dita virtual (termos que não jogam bem um com o outro porque a Realidade - com R grande - nunca é virtual, pode conter a virtualidade, mas, em si, nunca é só virtual) e como os artistas (ditos artistas) actuais não sabem nada disto, pertencem, na sua grande maioria, a uma família de ovelhas ronhosas/ranhosas e os artistas que geram "arte" através da inteligência artificial pertencem a uma sub-espécie da família de ovelhas ronhosas/ranhosas actuais.
O artista não trabalha para o público, trabalha para Deus e por consequência, trabalha-se a si próprio. O público é um acidente de percurso. Não há perigo nenhum, porque há-de haver sempre um luminoso a nascer e a ser ele a fazer a ponte necessária entre o Céu e a Terra... o resto, contemporaneidade, digitalidade, é apenas Terra... mais propriamente, pó.
Sem comentários:
Enviar um comentário