(A arte começa com a verdade interior...)
Tu, mentira,
já não me dizes nada,
porque não foste nada,
Nem o Portugal dos meus sonhos foste...
És uma tela que não recebe a cor,
uma página sem palavras.
Já não me dizes nada, porque nunca disseste,
porque somente esperaste ouvir,
porque sempre foste o silêncio desértico,
a superfície das esferas,
e nunca atravessei os campos com a tua alma,
ou descobri tesouros debaixo das pedras do teu descanso...
És tudo o que não aconteceu,
nem em sonhos me apareceste,
aparentando um espírito qualquer...
És o vácuo da indecência
de te teres pensado pessoa, ou um deus... em frente a mim...
Porque só esperaste e nada fizeste,
enquanto eu revia a tua história toda
e, com ela, adquiria asas,
cada vez mais longínquas
e longe de tudo o que não foste,
nem ousaste, apenas pediste para ser...
Fui tudo por ti
Hoje és cinza, eu, fénix
e, de mim para ti,
deixo-te um inútil véu,
o da tua sombra que encontrarás
a cada esquina inesperada,
como vulto ou fantasma
de todos os espelhos que frequentaste,
devolvendo-te a oca imagem
do nada em que te tornaste...
pedinte de arte
sem talento, nem verdade para a ter.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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