sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Ventura não tem S no Nome

 


Diz-me o devir que esta monárquica que sou, desta vez, vai votar para a Presidência da República. Não porque goste da República, mas porque não gosto, mesmo nada, de André Ventura. Assim, depois de ponderar, vou votar na Ana Gomes isto passados vinte e tal anos desde a última vez que votei em alguma coisa. Quando os macacos de imitação querem ascender à Cadeira principal do Estado e, para isso, tornam outros em macacos de imitação, convém colocar um travão antes que nos calhe um macaco maior em sorte. Se por um lado detesto discursos sobre a tolerância porque como disse, e bem, João Braga, um homem de direita: "tolerar, tolero os animais, os seres humanos não", por outro, e consequentemente, considero a tolerância coisa morna opondo-se ao amor. Os seres humanos amam-se ou não e, quando não há amor, existe uma coisa chamada indiferença, que é muito diferente do joguinho de cintura (ao ponto de não se ter coluna vertebral) representada pela tolerância e que, levada ao extremo, não passa de uma ditadura camuflada (vide texto neste blogue, "Os ditadores Tolerantes").  André Ventura representa tudo o que Portugal não é. Embora, na sua alma, Portugal não seja também esta confusão que a suposta democracia tem sido desde o 25 de Abril. Portugal é aristocrático. E no meio do povo pode estar, e está muitas vezes, o rei... André Ventura é um sub-produto da democracia, uma excrescência que impele ao nascimento das ditaduras, produtos directos das democracias decadentes. Raramente uma democracia não está prestes a decair, os "picos" benignos das democracias são sempre sol de pouca dura porque os homens por ela eleitos não são escolhidos pelos dons, são escolhidos pelos previlégios que a oportunidade confere e dos quais se serve. Na democracia, o "dom" é colocado de parte porque "somos todos iguais", daí os seus pés de barro. Ora, a aristocracia baseia-se no "dom" e quando está em sintonia com o Céu, funciona, quando não está, não funciona e a responsabilidade é do ser humano. Embora tenha absoluta consciência de que nos encontramos num lamaçal cada vez maior, exactamente porque Portugal anda a renunciar à sua alma aristocrática há muito tempo, isso não me impede de apontar o dedo acusatório aos falsos D. Sebastião que reivindicam um lugar que não é o seu. Ventura é duma má colheita, dum mau vinho e de um ano medíocre. Vinho carrascão, na gíria dos enólogos espontâneos. Assim, vou votar em Ana Gomes que tem qualquer coisa de Padeira de Aljubarrota que me agrada.


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