Símbolos? O que é isso? Os nossos políticos desconhecem o que é um símbolo porque ou são laicos, ou são ignorantes ou são condescendentes para quem os conhece. Ainda que o sábio fale, ainda que o político o escute, a última palavra é do político que pratica o surf nas palavras que lhe dão jeito como prancha. É desta forma que um político, mesmo que esteja rodeado de sábios, é um preconceitoso porque ouve ou acata apenas o que quer. A democracia é um conjunto de déspotas nada esclarecidos porque, acima de tudo, são déspotas que se toleram no pior sentido do termo e todos têm por certeza que o povo é estúpido, facilmente manobrado e enganado. A democracia é um jogo de forças com o povo, se este é mais manobrável, ganham eleições, se é menos, perdem-nas. Tanto à esquerda como à direita, puxam a corda, mas nunca empunham a espada porque esta está proibida pelo "progresso". É a ignorância que conduz o país, neste momento. Os podres são visíveis na pseudo-educação, na própria semente e depois é sempre a "subir" até à podridão total. Quando mais se desenvolve este drama mas é necessário enrolamo-nos em nós mesmos e crer, de uma forma completamente irracional, que alguém lá em cima, na esfera celeste, nos ouve e nos responde. O intelecto quando supera o racional, ou o racionalismo, irrompe na esfera do entendimento, uma esfera totalmente desconhecida desta actualidade sem amor, nem alma grandiosa, e nem sequer capaz da simples inteligência. Sabe-se mais de Marte do que dessa esfera onde tudo é sintonia como um hino bem cantado...
Escapa-nos, este mundo, por entre os dedos, como areia, porque é areia de um deserto sem gota d'água que o torne fértil. Desenganem-se os que pensam que têm peso nas decisões dos políticos, eles só respondem ao espelho de si mesmos e nunca aceitam nada que venha do alto, porque eles pensam que são o "alto".
A única face verdadeira deste país é a de gente anónima que vai dizendo coisas e ouvindo coisas num diálogo invisível e, até mesmo esta frase pode ser aproveitada e lida como "conversas de gabinete" ou diálogos "sub-rosa" no que têm de mais convencional, ou seja, uma simples conversa em segredo entre um ou mais ignorantes, ficando assim, rapidamente desvirtuada. O segredo nunca foi garante de qualidade alguma só por si, a maioria das vezes apenas serve para aguçar a curiosidade. Do que falamos aqui, é da essência do coração que fala, algo completamente invisível, mas visível do "outro lado", mais próximo do centro ou mais acima, conforme lhe queiram chamar. Desta feita, é cada vez menos seguro aquilo que se escreve ou que se diz da boca para fora porque o desfasamento entre o interior e o exterior chega a ser radical. A leitura de um coração não é da incumbência dos humanos, não faz parte da sua missão neste mundo. A leitura de um coração é atributo daquilo que é, nas palavras de Guénon, supra-humano e, ou se chega a isso, ou não se chega. Já se vê que nunca existe um verdadeiro problema de comunicação entre dois ignorantes. Eles entendem-se perfeitamente porque são a pele da pele. A conversa entre dois ignorantes é sempre o eco das vozes dos protagonistas do mundo da moda que viram a cara a quem não está na moda, e viram-na, porque sim. O problema da comunicação reside sim, na incapacidade de nos fazermos escutar pelo "alto" porque só alcançando "o alto" nos podemos fazer escutar. Parece a pescadinha de rabo na boca e é. A esfera do entendimento nada tem a ver com o conhecimento das coisas: planetas, vírus, anomalias ou fenómenos naturais porque ela obriga-nos a sair de nós, o movimento inverso desta civilização vaidosa de si. Sair de nós em direção ao que nos transcende. Um político que procure num sábio as suas próprias certezas que são sempre (e hoje é mesmo sempre) fruto da sua ignorância, não procura comunicar, procura aquilo que pensa que ele próprio é e dizemos pensa, porque, na sua ignorância, nem a si próprio se conhece. É curiosa a forma como esta oligarquia economista disfarçada de democracia tenta, por vezes, transmitir a imagem de que é uma oligarquia de sábios. Para isso, dá a entender que "ouviu os sábios" e que até concordou ou se reviu num ou noutro aspecto. Ora não têm que concordar nem têm que se rever porque não sabem tanto como o sábio. Têm que ser humildes e tentar acompanhá-lo. Os sábios não abrem a boca para que os políticos se revejam nas suas palavras. Se assim fosse não eram sábios e a inversão era total. Os políticos actuais não sabem nada, procuram, como Narciso, rever-se perpetuamente, tão convencidos que estão de que são "abertos ao diálogo", quando a esfera do entendimento lhes é totalmente desconhecida. E tudo isto cansa. Cansa muito porque é sempre mais do mesmo e daí que o mais importante não passe pelo que se diz ou se escreve, mas sim, por essa capacidade que algumas pessoas têm de "tocar" o alto porque o seu coração é transparente sobrenaturalmente. Para governar bem é necessário o silêncio. O profundo silêncio. Só assim ecoa a humildade necessária e então, talvez, e dizemos talvez porque isto não é uma ciência, é uma arte, a esfera do entendimento esteja acessível.
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