domingo, 4 de dezembro de 2022

Super Hipotético

 


Lá comprei eu mais uma revista Super Interessante, e desta vez, todos os artigos me interessavam, um em particular, o da entrevista a José Luís dos Santos com a chamada de atenção na capa, a letras gordas, "quando a ciência interroga os seus próprios limites". Para além de nos informar da ideia (que já é um lugar comum), de que a ciência e a religião não são incompatíveis por se encontrarem em patamares diferentes, outra informação me fez sorrir e prende-se com a imagem que mostro acima. Refere a revista dois livros de autoria do entrevistado, um dos anos 90 onde é evidenciado o conhecimento da macro-estrutura do Universo, ou seja, o conhecimento total da sua constituição e outro, recente onde afirma, pelo contrário, que aquilo que se pensava ser a constituição total do Universo corresponde, afinal, a 6%, ficando 94% do Universo no patamar do desconhecido devendo-se isso ao facto desta última percentagem (que se debruça apenas sobre a matéria e a energia) ter uma origem desconhecida. Ou seja, num espaço de décadas, passou-se da percepção de um super-conhecimento para um ínfimo conhecimento. Bem vistas as coisas, quase tudo nos é desconhecido e como os cientistas gostam muito de esquemas, desenharam este da imagem que, traduzido, é assim: à medida que a esfera do conhecimento aumenta (a chamada realidade no esquema, ou seja o círculo rudimentar interior), aumenta também a esfera da teoria, ou seja a das hipóteses, bem como o diâmetro da linha que nos separa do desconhecido. É bom saber destas coisas porque assim também sabemos que Deus é sempre maior do que parece. Mas o mesmo se passa, digo eu, ao nível do micro: quanto mais penetramos no interior e na intimidade da matéria mais essa fronteira do desconhecido aumenta. Temos aqui um problema grande porque até parece que é o próprio conhecimento que produz o desconhecido, o que seria, no mínimo hilariante. E é. Evidentemente que as religiões, tal como estão, não são incompatíveis com a ciência porque se encontram em patamares diferentes, mas algumas religiões, tal como eram, também procuraram o conhecimento. Se me disserem que a metodologia tem efeitos sobre aquilo que conhecemos, então talvez perceba a suposta incompatibilidade, a lei é antiga "encontramos aquilo que procuramos" mas, se a ciência conta com o imprevisto para se renovar, não menos faz o Espírito Santo, e aí, encontram-se compatíveis como gémeas... De maneira que, aquilo que temos é isto: uma espécie de "quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha", eu voto nos dois ao mesmo tempo porque não sou uma pessoa democrática... Sou total e não totalitária. Mas esse voto, ao contrário do voto democrático, é um acto inteligente. 

 Bjs a todos os cientistas totalitários, porque sei que precisam deles... Já intuía Sísifo.










Sem comentários:

Enviar um comentário