domingo, 23 de março de 2014

Horizonte




Ponham-se a caminho
Na estrada branca
Que é de tela
Que é de folha
Que é de palco
Que é de vós
Ponham-se a caminho
Alvo caminho
Iluminado pelo sol
De silêncio claro
De antes do sino tocar
De antes de vós que ainda não são
Ponham-se no caminho
Das árvores desbastadas de inverno
Fazendo acontecer novos verdes
Reclinem-se nesse caminho
De joelhos
Frente a essas pedras brancas
Que são elas e são vós
Reclinem-se na oração
Espaço de unos brancos
De todas as não cores
Que ainda são
Espaço de todas as cores
Que poderão ser
Observem a praça da batalha
Agora vazia
Acumulada de silêncios de escuta
De novo branca
De novo em espera
De todas as flores
Que vos atendem
Que vos presentem
Que vos aceitam
Mas apenas e só
Se se puserem a caminho
na ideia do que estão
na verdade
do que poderão ser
Do que sempre foram e não lembram
E cada passo
Que derem nesse seguir
É o vosso retorno
Presentes dados
jóias de céu
Antes do horizonte
Escondido sempre
Em cada vento
Alumiado e assente
No fundo alto
Do grande anteceder.

 
(Cynthia Guimarães Taveira)

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