Foi numa igual manhã
viste o ajoelhado cavaleiro
em vigília, de neve vestido
em rubro coração e esplendoroso
De joelhos, o viste
dentro da escura noite
bem dentro do teu dia
Antigas velas ardiam ainda
Elas e ele,
Gravados na pedra
Feita de tempo
Viventes em chama
Em desmedidos ocidentes
Em bandeiras soltas
Em ausência de ruínas
Em memórias esperando-te
Elas e ele e esse templo
Em horizonte-rosa
No fundo do teu futuro
No quase mudo grito do devir
Escutado foi teu eco
Em cavaleiros multiplicados
Dentro de ti um deles
Trazia uma rosa ao peito
Quase mudo teu desejo
Ouvido em alto divino
Em sono definido
Em força-amor bem-vindo
Novos olhos te foram dados
Os teus e os de cavaleiro sonhado
Novas mãos, novos gestos
Teu corpo tornado escuta
Nem outra música erguida foi
Senão a do vivo segredo:
O que de dia adormece
É o sonho que enaltece
Deixas-te ir cavalgando
Aonde te levam rumos
e se desdobrados
olhas o alto e assim decides
Cavaleiro da altos instintos
Animal em homem feito
De intuições em vara d´água
tocando as esperas de secretas pedras
Deixas-te ir assim cavalgando
Já transformado em caminho
E se o mudo grito te desperta
já não és de parte incerta
Cavalgas a trote dançado
Sem pressa ou rotina
Escutas a viva e repetida
Alegria na espada embutida
Correm os rios e assim os vês
Como tu, esperando pelo marE pela caravela de olhos teus
Trazendo-te de novo ao altar
És viva memória e precisa
De um futuro de um outro tanto...
Todos se contemplam e se escutam
E trocam de lugar
No pano de fundo
do fundo que todos são
mais do que memória viva
são o mundo a espherar
(Cynthia Guimarães Taveira)
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