Àqueles que vivem no mundo a sentir e, ainda assim, em
esforço maior, o reescrevem num sentido demonstrável pela arte. Àqueles que não
negam o fogo inaparente das coisas. (Oh, mundo, que esconde outro, que emerso
está ainda noutro... vagas de frio tornadas quentes...!) Àqueles que não
permitem a inexactidão do templo e o demonstram no vento... (Ah, terra de
loucos sem passado e cujo respirar é um terno e doce encontro entre as vinhas e
o vinho já provado!). Àqueles para os quais não há pesar, nem grilhetas capazes de
os levar para onde não querem ir... e antes, muito antes do tempo existir, já
davam asas a quem passava. Àqueles que permitem que o anjo desça, em nuvem,
cascata, em ermitas ou violetas... àqueles cuja alma é sã no crepúsculo e o
ilumina contrariando as horas... envio, daqui, donde vos vejo, a palavra
desdobrada, em céu e terra tomada, sem que nada deixe ao acaso, nem a sombra,
nem a voz, nem a luz, nem o ser-se assim para além de tudo.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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