quarta-feira, 22 de julho de 2020

Thor




Troveja e, enquanto troveja no céu
Na terra, trovejam os homens
Da terra saem vapores infernais
A chuva rápida toca o chão
Relembro as viagens dadas
E as noites enganosas
E de as abandonar
Ao relento da trovoada
Ecos tristes de homens uivando
A sua morte nocturnal
Uivando esguios na sua sombra
À luz do trovão
Thor, Thor, que me dizes?
Que não há engano no que iluminas
Se iluminas as negras sombras
De um panteão
Relembro as noites idas
De vozes de assombro e de curvas
Enfáticas nas notas dos uivos
Dos homens-lobos que são
Que iluminas, tu, oh Thor,
Com a tua espada fria
Na noite imersa em nuvens?
Vínculo que não esperei
No vento estrondoso do Norte
Deste-me a ver os rostos sombrios
Escondidos nas sombras do que são
Quem diria, Thor que o teu trovão
Estaria tão perto do meu coração.


(Cynthia Guimarães Taveira)





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