domingo, 20 de dezembro de 2015

Outra afinal sou...





Estou espantada e abismada
No alto desta escarpa
E no cimo dela uma muralha
Contemplo o templo que é em água

Retorno dela, Atlântida
Donde vim sem o saber
Não fosse esse cheiro a maresia
Seu dom sem ninguém saber

Ouço-te no sopro dessa brisa
Que em espuma atravessa meu canto
Só por ele sei e digo
O porquê desse meu espanto

Alma antiga e extrovertida
Num tempo sem o dever ser
Ninguém acredita na primazia
Da alta voz que em nós sacia

Do alto dessa muralha
Sobre a escarpa abismada
Meus olhos atlantes a vêm
Grave sublime a anoitecer

E nesse rosto de cristal
Donde nunca fugi ser
Aproximo-me da vigia
Donde vigio todo o saber

O mar galga afinado
O rosto iluminado
A minha mão estendida lhe dou
Outra de mim e não outra, afinal, sou.

(Cynthia Guimarães Taveira)

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