Lá para Leste ameaçam com armas de destruição massiva “cirúrgicas”,
mais uma das actuais contradições, o massivo e o cirúrgico, equivale a um golpe
do cirurgião em todo o corpo do paciente que, provavelmente, não está assim tão
doente… trememos de medo? Evidentemente que sim. Os loucos que querem ficar
para a História ainda acabam com ela e depois, não há História para ficarem. É o
costume em fins de ciclo. O ambiente geral é tão bom que nem me apetece
escrever. Os ditos tradicionalistas actuais não são mais do que patetas porque
de tradição não percebem nada e confundem-na, à boa maneira freudiana, com tudo
aquilo que se refere ao corpo. É assim que a extrema-direita em Itália avança,
Católica e Provinciana, liderada por uma mulher agora que se exalta com todas
as disfuncionalidades actuais, que são muitas, mas não pelas razões ou valores
que invoca. As disfuncionalidades não se resolvem com outras disfuncionalidades
e a senhora, se fosse conversar com o brasileiro de direita enraivecido que
comanda o país, muito provavelmente, este dir-lhe-ia, para ficar em casa,
recatada, onde se querem as mulheres… ou provavelmente, não. A francesa, eriçada
de direita, cheia de imperialismo francês no penteado, louro e ariano,
provavelmente até a apoia. Assim, mais uma contradição: as mulheres em casa
recatadas sempre, excepto para liderarem partidos políticos que digam que as
mulheres devem ser recatadas… e se não forem, e mostrarem o rosto retirando o
véu, há sempre um país pronto para as matar, como fizeram há pouco tempo, num
desses países do deserto seco e friamente punidor. Se tudo preocupa?
Evidentemente que preocupa… a Europa, tão construída à base de “sonhos” a
seguir à última Grande Guerra, devia rever o que fez e a forma como está a
deixar que os muros de defesa ganhem fendas. Os que seguem estes “tradicionalistas”,
fazem-nos nas redes sociais, sobretudo, e raramente lhes passa pela cabeça ir
viver para os países onde essas criaturas de pseudo-tradição lideram, bem
instalados que estão, atrás do teclado, pelo menos enquanto houver electricidade.
Cirurgicamente, nunca lhes cairá uma bomba em cima porque são “superiores”. Está coxinha, e Europa? Pois está. Tanto que
fez à volta do dinheiro e tanto que quis competir com os EUA que se deixou aprisionar
pelos esquerdismos radicais vindos das Universidades Americanas que sonham com
um mundo perfeito e homogéneo na “diferença”, mais uma contradição evidente. A
Europa está entalada por três contradições: a direita de leste, a esquerda de
oeste, e a sua própria contradição, a sua democracia falsa que sempre alimentou
economicamente impérios dos outros… chineses e tudo. Sempre se achou democrata
porque agradava a gregos e a troianos, sem saber muito bem quem era. O alemão-austríaco
eriçado e de bigode, nos 30 e 40 do século passado, fez questão de deixar um
rasto de destruição de tal modo vasto, que os abutres do poente e do nascente
esfregaram as mãos de contentes: que belo tabuleiro de xadrez para eles jogarem…
e assim é. A Europa da Cultura e da Filosofia, afinal de contas, não era assim tão
culta nem tão filósofa. Por muitos anos sacrificou os países periféricos para
que os países do centro pudessem usufruir dos lucros dos seus diálogos sem fim
com os países da guerra fria, e outros que se lhes juntaram. E sacrificou em
vão, porque agora está entalada e bem entalada. A Inglaterra, a velha raposa,
saltou do barco e navega feliz pelo Atlântico e, tal como apareceu num Jornal
inglês de há muito tempo e em letras bem legíveis, aquando de uma tempestade
que conduziu ao corte das ligações entre o Reino Unido e a Europa, à qual
chamam de “Continente”, alguém não hesitou em escrever nele “O Continente está
isolado”. A mesma notícia poderiam os ingleses escrever agora, enquanto dão vivas
ao novo Rei. Se isto está mau? Está. Nada que não fosse previsível num planeta
que corre para os braços da loucura, aos saltos e com um esgar, por já não
conhecer outra dama senão essa… por cá, o nosso primeiro-ministro, socialista,
compra casas de luxo baratitas em comparação com outras enquanto cala o que aí
vem e o nosso presidente bem lhe pede para que se descosa, coisa que ele se
recusa a fazer. Na verdade, dizer ou não dizer o que aí vem é absolutamente
indiferente porque vem na mesma. E não é bom. Dá-me vontade de dar um conselho
aos líderes actuais cuja qualidade é abaixo de cão (sem querer ofender os
alfas): façam trabalhos manuais e percebam assim que não estamos cá para ter
poder. Houve muitos que o tiveram e todos eles estão mortos e foram
substituídos por outros que morreram também. Não se livram dos ciclos. A
tradição, que tanto apregoam, é a busca do “para lá dos ciclos”, nem é esta ideologia
socialista, tanto de esquerda como de direita, nem é esta democracia de arremesso
de todos os socialistas encapotados de comunistas ou da extrema-direita. Em
suma, não é nada disto. Isto não é nada. É por isso que não me apetece escrever,
escrever para o nada é tão absurdo como parece. Escrever tornou-se num acto
absurdo total, ou não fosse ele um acto contemporâneo e mundano… só aquilo que
não é contemporâneo e mundano escapa a essa condição que rima com maldição. Vivemos
dentro do absurdo. Por mais coerências iniciáticas que procurem, elas não
existem. É tudo verdadeiramente incoerente, do princípio ao fim. A dissolução
efectiva. Se querem coerência, façam trabalhos manuais, até lá, estão todos
loucos. No pior sentido do termo. Não aprendem nada… nem querem aprender. A falta
de curiosidade é a marca da loucura. E a verdadeira curiosidade debruça-se sobre
o Mistério que somos. Tal qual a matéria-prima dos trabalhos manuais. Disso,
quem sabe e quem quer saber?
sexta-feira, 23 de setembro de 2022
Actualidade
sexta-feira, 2 de setembro de 2022
"Morro pelas minhas próprias penas"
domingo, 21 de agosto de 2022
Telmo
Pelo que entendo, António Telmo, passado 12 anos da tua partida para a Luz que tanto amavas, as gentes e o mundo que contém as gentes (porque o oposto, as gentes que contêm o mundo, é algo cada vez mais raro) continuam com as garras de fora e poder-se-ia quase dizer que, não havendo filosofia selvagem alguma, há uma animalidade filosófica permanente e uma demonstração de machos (mesmo que haja fêmeas) de rituais de luta pelo território. Diria que já se assemelham a rituais apenas devido à constância no tempo de taís fenómenos provindos dos restos, altamente remendados e esfomeados, da outrora luminosa filosofia portuguesa. A visão que passam é a de becos acinzentados com homens esfarrapados em busca de um pedaço de filosofia solta atirado pelo público a um qualquer contentor do lixo e, mal o conseguem segurar, erguem-no vitoriosos e exibem-no aos restantes mendigos ao mesmo tempo que grunhem a canção de serem o verdadeiro discipulado. É mais ou menos isto que se passa, caro Amigo e, num outro lado, muito afastado dessa realidade urbana e pejada de malfeitores, numa herdade antiga esquecida pelo tempo e pelas gentes, uma mesa desenrola um grande banquete (daqueles à antiga) servido aos simples, caseiros e afins, longe das filosofias que sofreram o enfarte do Ego e pasmaram loucas ao espelho por só conseguirem rastejar em torno dos contentores. Aí, nessa herdade única, a brisa de Deus passa e, em silêncio, o copo é levantado em memória do teu Espírito. Os sinais permanecem aquém das gentes e do mundo e permanecem igualmente belos. A herdade eleva-se na paisagem inacessível e o jardim, bem cuidado, ofertado a quem nele nasce, tem a tal fonte no seu centro. Sim, aquela que alimenta os rios que vão muito para além do jardim encantado, desaguando no mar do pensamento e do coração. Tal como disseste.
terça-feira, 2 de agosto de 2022
Ao leme
Não era em vão que existiam intocáveis e também aristocratas/sacerdotes e se alguns intocáveis tinham um papel a desenvolver nalguns rituais, durante a maior parte do tempo, os intocáveis não se podiam tocar, nem sequer convinha olhar. O mundo desenvolveu-se e o número de intocáveis aumentou bem como a sua ascensão aos cargos mais importantes e isto deveu-se muito à ideologia socialista quer esta se apresente à esquerda ou à direita. A inversão das coisas é rigorosa. Agora são os intocáveis que não devem e não querem tocar e ver um aristocrata/sacerdote e é a casta inferior que se encontra no comando ou no leme em todas as áreas: económicas, sociais, políticas, artísticas, bélicas, sacerdotais e "espirituais". Não admira que os intocáveis falem apenas uns para os outros por falta de reconhecimento de tudo aquilo que está para além do seu universo. Um aristocrata magoa, fere e ofende quando diz ser anti-democrata, anti-socialista e monárquico. É considerado mal educado, pouco nobre e muito menos alguém "espiritual". No leme, seguem e somam os intocáveis que levam o mundo nas mãos permanecendo fiéis à rota que os levará até às portas do Inferno: portas que atravessarão, naturalmente, para aí se purificarem ou permanecerem por tempo indeterminado. Entretanto, nem sequer deviam utilizar a palavra "aristocrata" por não entenderem nada dela.
sábado, 30 de julho de 2022
A Deusa
Um amigo, depois de me ouvir sobre o facto de ter sido prejudicada em determinados meios autoproclamados "intelectuais-esotéricos" actuais, por ser mulher, com a melhor das intenções disse-me que fora desse "meio ambiente" talvez o meu trabalho fosse aceite, ao que respondi que não era verdade. Atravessando a fronteira desse contexto misógino muito bem disfarçado de Amor à Deusa (e que esquece o essencial) o desinteresse é total. De maneira que a pessoa sente que não vale muito a pena fazer o que seja. Os dias passam sem que nada de jeito se passe. À excepção, claro, de uma vitalidade intrínseca, meio produto da genética familiar, meio produto da transferência da tal Deusa que todos "amam" imenso sem se lembrarem sequer que é ela que os escolhe, quando os escolhe...