Toca o piano devagar
Seguindo a saudade com o olhar
Daquele recanto de instante
Sem adeus e sem chegar.
Piano tocando o canto
Dos olhos, de longínquo olhar
Para lá do choro, para lá do riso
Para lá da montanha feita altar.
Vai para onde o sol se põe e sobe
No vértice da única pirâmide
Vestida de sóis e colcheias
E que serena fita outras estrelas
Nem perto, nem distante está
Mas da morada onde vai
Vê o engano e a virtude
E tudo o que imaginação dá
Toca o piano devagar
Foge das memórias a tocar
Invade o céu e suas esferas
Dissolve e une sem ficar
Lá longe para onde vai
Não há tempo, nem ditado sequer...
Há o ponto concentrado
donde emerge o todo e todo ser
Nem as voltas de alegres astros
Nem as curvas de enfeites leves
Nem os sons de vários outros
O distraem ou embaraçam
São as teclas de cima e baixo
juntas em veludo que o fazem deslizar
Seu destino é esse instante grande
Em que sem tempo, toca devagar
Cynthia Guimarães Taveira
Sem comentários:
Enviar um comentário