sábado, 27 de setembro de 2014

Até lá...



Até lá que se negue, que se combata, que se sublime tudo o que não for isto. E tudo o que não for isto são palavras vãs, meros simulacros ou apenas oposições necessárias no espaço e no tempo, meras, também, condicionantes humanas... do que se poderia e de como se poderia ser... porque cada Religião é uma criação humana, porque cada Instituição que a representa é um mero reflexo dessa criação (reflectindo-o com maior ou menor fidelidade, mas nunca perfeito... não há Unidade Transcendente das Religiões – cada uma delas é apenas constituída por partes de um Todo... e essas partes são diversas entre si, podendo, no entanto, ter pontos em comum) e  porque há um astro que se eleva todas as manhãs e esse  astro, tal como um embrião de um mineral, tem uma função, um destino, neste mundo, dentro das nossas coordenadas espacio-temporais, das nossas possíveis coordenadas espacio-temporais... e essa função, esse destino do Sol, é deixar de ser negro. Isto é linguagem hermética. Ou a usamos ou não. A escolha é nossa... até lá, há um horizonte... talvez mais próximo do que suspeitamos, talvez mais longínquo. Mas até lá... há um horizonte. As últimas palavras das Mansões Filosofais escritas por Fulcanelli (quer seja um grupo, quer seja um único homem... mas sendo decerto uma sabedoria, essa sim, ancestral), foram escritas a Ouro. Aquele Ouro que só alguns homens, pouquíssimos na História recente dos últimos milénios do mundo (Kali Yuga) conseguiram  alcançar.

 (Cynthia Guimarães Taveira)

 
“A IDADE DO OURO

 No Período da Idade de Ouro, o homem, renovado, ignora qualquer religião. Rende apenas, graças ao Criador, de que o Sol, a sua mais sublime criação , lhe parece reflectir a imagem ardente, luminosa e benfazeja. Respeita, honra e venera Deus neste globo radiante que é o coração da natureza e o dispensador dos bens da terra. Representante visível do Eterno, o Sol é também o testemunho sensível do seu poderio, da sua grandeza e da sua bondade. No seio do brilho do astro, sob o céu puro duma terra rejuvenescida, o Homem admira as obras divinas, sem manifestações exteriores, sem ritos e sem véus. Contemplativo, ignorando a necessidade, o desejo e o sofrimento, guarda ao Mestre do <Universo este reconhecimento comovido e profundo que as almas simples possuem e este afecto sem limites que liga o filho ao Pai.”

Fulcanelli, “As Mansões Filosofais”, edições 70 – Colecção Esfinge – Lisboa, Página, 444

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