Procurava-se o vazio para que o espírito nele soprasse...
- Tu pensas?
- Penso.
- Eu apenas creio e o espírito sopra por mim sem que dê por
ele... sou transparente... vazia e transparente... como as imagens que se
querem negar...
- E assim transparente... acabas por ser todas as imagens
que negas, porque todas passam por ti, não se detêm. A brisa de Elias passa por
ti, mas não és a brisa...
- Tu pensas?
- Penso e vou nas imagens abraçada, uma a uma...
provavelmente nunca serei a brisa mas, por momentos, de tão abraçada que estou,
sou brisa. Breves momentos. Preciosos.
- Tu pensas?
- Penso que Deus não é nome próprio, nem comum, nem comum
colectivo... e que só por breves momentos Ele se ergue de verdade no vale, como
uma brisa.
- Tu és a saudade?
- Sou.
(Cynthia Guimarães Taveira)
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