sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Casas horripilantes



Estava aqui agora a ver o programa "Visita Guiada" na RTP 2 e que, desta vez, se debruça sobre o tema "Três Casa Modernas no Minho". Paula Moura Pinheiro, às tantas, falando de uma casa dos anos cinquenta, diz com uma expressão crítica que naquela altura as Câmaras Municipais tinham uma ""Comissão de Estética", como se fosse uma coisa terrível, a imposição do gosto.
Mas não percebo bem essa expressão crítica. Aqui no Concelho de Mafra também deve haver uma Comissão qualquer porque desde que vim para aqui, e já lá vão alguns anos, tenho assistido ao fenómeno do nascimento de casas todas iguais e detestáveis: são cubos com três cores, o cinzento, o preto e o vermelho seja mais forte ou mais escuro. Diz um amigo, em tom de brincadeira que o arquitecto desenhou uma casa apenas e que agora se distrai a replicar a mesma, com mais janela ou menos janela, com mais garagem ou menos garagem, por este concelho fora, impondo uma autêntica monotonia do instético (se ainda fosse do estético...).
O gosto, lamentavelmente para alguns "democratas", educa-se. Para os que já nascem com a estética embutida dentro da alma, normalmente, é necessária menos educação nesse sentido. E, de facto, deve haver uma Comissão de Instética neste Concelho, e não da Estética,  porque estes projectos são aprovados sistematicamente, desfigurando a paisagem gostosa tradicional saloia e transformando a área circundante num pesadelo horripilante onde cubos todos iguais com cores que em conjunto se tornam mórbidas nos assaltam a vista e nos agridem simplesmente porque sim. De maneira que pergunto-me se não fará mesmo falta uma Comissão de Estética que regule os gostos e que seja acompanhada, já agora, por esses seres indesejáveis e descartáveis que são os antropólogos à moda antiga (os modernos só querem saber das identidades, dos feminismos e das questões "fracturantes" não sei bem porquê) com vista a que alguma coisa de boa que haja no passado da arquitetura seja preservada em vez destes autênticos abortos desenhados de uma vez para sempre e para sempre impostos numa paisagem natural que definitivamente não os merece nem necessita deles sequer. Prefiro ser retrógrada com bom gosto do que ser moderna sem bom gosto. Casas assim são autênticos actos de maldade e ninguém vê, nem repara. Depois queixem-se que as coisas não vão bem e não sabem porquê. Olhem, eu sei. Somos o que comemos e o que fazemos e, neste caso, ainda nos podemos tornar cubos mórbidos, pretos, cinzentos e vermelhos, todos iguais uns aos outros como soldados que perderam a guerra, estão a ver?

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